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'Quem for o candidato do mercado vai perder', diz Fernando Henrique Cardoso

Ex-presidente afirma no Fórum Estadão que o País não é composto 'só de mercado'

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Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman e Marcelo Osakabe
Atualização:

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que um candidato que defenda apenas bandeiras do mercado vai perder as eleições para presidente da República. "O País não é composto de mercado só. Quem for o candidato de mercado vai perder (as eleições)", disse FHC durante o primeiro evento da série 'A Reconstrução do Brasil' do Fórum Estadão, realizado nesta terça-feira, 27, em São Paulo.

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"É preciso candidato que mostre que a vida será melhor e mais segura. É preciso ter discurso, mas não é só discurso que convence", afirmou o ex-presidente. "O povo não sentiu melhorias do governo Temer."

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em entrevista no Fórum Estadão Foto: Reprodução/ TV Estadão

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FHC defendeu a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), à Presidência. Segundo ele, o pré-candidato tucano ao Planalto pode reunir condições para se tornar um líder estadista, mas terá de encontrar "a mensagem" para passar ao eleitor. "A incerteza é tanta que um pouco de certeza pode ser positivo", diz FHC sobre Alckmin. "O Brasil precisa reconstruir a confiança, quer segurança, emprego e renda. O País precisa de coisas simples."

Sobre o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), vice-líder nas pesquisas de intenção de voto, FHC afirmou que ele não é um liberal como tenta parecer, mas um “reacionário”. “Bolsonaro simboliza o autoritarismo que cresce em função da violência. Ele aparece como força que quer ordem, mas não tem pensamento liberal, não sei se tem pensamento.” O ex-presidente disse ainda duvidar de que um “candidato reacionário” tenha votos suficientes para ser eleito. Para FHC, o sucesso eleitoral depende de força política, rede de apoio formada por prefeitos e governadores e tempo de TV.

O presidenciável do PDT, Ciro Gomes, foi classificado pelo tucano como “impetuoso”, mas sem “um rumo definido”. “É um pouco zigue-zague”, afirmou, ao criticar o fato de Ciro ter mudado muitas vezes de partido. “Não vejo isso com bons olhos.” O pré-candidato já foi filiado ao PDS, MDB, PSDB, PPS, PSB e PROS, além da atual sigla. De acordo com o ex-presidente, “Ciro cresceu sendo iconoclasta, mas não há nada de desabonador contra ele”.

O tucano não tratou diretamente de uma eventual candidatura Temer nem comentou as intenções do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e arrancou risos da plateia ao dizer que o ex-prefeito Fernando Haddad é seu “candidato no PT”.

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O ex-presidente negou que tenha "lançado" outros candidatos à Presidência, em referência ao apresentador e empresário Luciano Huck. "Parece que lancei quatro candidatos nas últimas semanas, mas não lancei", disse. "O Luciano é meu amigo, mas não lancei."  Depois de muita especulação, o apresentador desistiu de disputar as eleições para presidente.

NÃO VEJO UM CANDIDATO NOVO, DIZ EX-PRESIDENTE 

Após Huck anunciar que não pretende concorrer ao Planalto, FHC declarou que não vê mais nenhum nome que represente o "novo" na política e tenha condições de ser eleito neste ano. "Eu francamente não vejo idealmente um candidato (nesse campo)", disse o ex-presidente. Ele afirmou que um candidato novo teria dificuldade em estruturar uma aliança de partidos e tempo de propaganda suficientes para ganhar o pleito. "O novo, sem nada disso, é só uma ideia, não é uma compreensão política."

Para ele, a sociedade está "tateando" alguém novo na eleição, mas é preciso "jogar com as cartas que estão aí". Ele negou, mais uma vez, qualquer intenção em concorrer novamente à Presidência da República. "Eu tenho 86 anos, eu tenho e quero fazer outras coisas."

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