CUIABÁ (MT) - Pelo menos quatro índios kaiowá-guarani - entre eles uma mulher e uma criança de 5 anos - continuam desparecidos desde a invasão ocorrida na última sexta-feira, 18, ao acampamento Tekoha Guarani na faixa de fronteira entre os municípios de Amambai e Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, na fronteira entre Brasil e Paraguai. O ataque teria resultado na morte do cacique Nísio Gomes, 59. O coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Flávio Vicente Machado, disse que além dos índios, entidades e indigenistas sofrem constantemente ameaças de fazendeiros da região.
Relatos de dezenas de índios já ouvidos pelo delegado da Polícia Federal, Alcídio de Souza, confirmam que cerca de 40 homens encapuzados e armados invadiram o acampamento. O filho do cacique contou detalhadamente como teria ocorrido a morte do seu pai. Segundo ele, os homens ordenaram que o cacique deitasse no chão e o fuzilaram com tiros na cabeça, peitos, braços e pernas para em seguida ter seu corpo foi arrastado para dentro da camionete.
Segundo a assessoria do Ministério Público Federal de Mato Grosso do Sul, a área ocupada pelos Guarani Kaiowá faz parte da região denominada Terra Indígena Amambaipeguá. O processo de demarcação da área começou em junho de 2008 e, desde então, foi interrompido diversas vezes por decisões judiciais.
O vice-presidente do Conselho dos Direitos da Pessoa Humana, Percílio de Souza Lima neto, a morte do cacique foi uma tragédia anunciada. Ele lembrou que há muito tempo a região é palco de conflitos entre os interesses dos índios e das empresas de agronegócio.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), nos últimos oito anos, cerca de 200 índios foram mortos em conflitos de terra em MS.