Um estrondoso "fica, fica" foi a reação imediata da platéia que assistia ao testemunho de José Bové, no Fórum Social Mundial, ao ser informada de que a Polícia Federal estabelecera um prazo de 24 horas para o líder dos pequenos produtores da França deixar o Brasil. Cerca de duas mil pessoas se aglomeravam no salão 1, do prédio 41, da PUC/RS para ouvir Bové e o coordenador do MST, João Pedro Stédile. Depois do "fica, fica" veio outro refrão uníssono: "José Bove/É meu amigo/Mexeu com ele/Mexeu comigo". Stédile classificou o episódio de "mais uma perseguição" da PF contra o MST. "A mesma Polícia Federal que passou tanto tempo atrás do Lalau (juiz Nicolau Neto), que estava tomando mate e comendo churrasco em Bagé, sem encontrá-lo". E procurou isentar Bové no episódio da destruição da lavoura de soja transgênica da Monsanto, em Não-Me-Toque/RS. "Ele não tomou nenhuma iniciativa. Foi um gesto de solidariedade. Bové foi convidado com mais oito companheiros da Via Campesina para ir à unidade da Monsanto", argumentou. "Nós assumimos a responsabilidade", enfatizou. Ele deu a informação sobre o pedido de abertura de processo - iniciativa do deputado estadual Frederico Antunes, do PPB/RS - e da decisão da PF no final da conferência de Bové. "É um deputado da antiga Arena", menosprezou. "Não vamos nos assustar com arroubos de gente podre", acentuou.