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Grupos contrários se enfrentam na porta do prédio de Dirceu

PT e movimentos sociais articulam desagravo ao ex-ministro para a próxima semana

Foto do author Vera Rosa
Por Erich Decat e Vera Rosa
Atualização:

BRASÍLIA - Grupos contrários e favoráveis à soltura do ex-ministro José Dirceu se enfrentam nesta noite de sexta-feira, 5, em frente ao edifício onde o petista reside, no bairro Sudoeste, em Brasília. Desde quinta-feira, 4, ele é alvo de protestos. No ato desta sexta, militantes do PT compareceram para dar apoio ao ex-ministro.

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A briga desta sexta começou quando um dos manifestantes contrários ao petista puxou uma placa com os dizeres "Dirceu ladrão". Logo após, um militante do PT quebrou a placa no meio, o que deu início à troca de empurrões e agressões físicas entre os dois grupos. Como represália, um dos integrantes do grupo contrário ao ex-ministro arrancou o cartaz de um petista e rasgou. Logo após as agressões, chegaram ao local três viaturas da Polícia Militar, que monitora a situação.

Antes do confronto, militantes do PT disseram à reportagem que foram ao local após as manifestações de quinta-feira, 4, ocorridas na chegada do petista à residência em Brasília. "O que aconteceu ontem aqui foi muito grave. Nós companheiros ficamos muito preocupados com todo o ódio que foi demonstrado", afirmou Pedro Del Castro, militante do PT. Com um cartaz na mão, Ademário Nogueira também declarou solidariedade a Dirceu. "Zé tem papel histórico dentro do partido e vamos apoiá-lo", ressaltou. Na quinta-feira, cerca de 50 manifestantes do movimento #NasRuas e moradores da vizinhança gritavam “Dirceu, ladrão, seu lugar é na prisão”. No protesto, o carro do ministro foi atingido por socos. Quinze policiais militares do Distrito Federal contiveram os manifestantes com spray de pimenta.

Grupos contrários e favoráveis à soltura do ex-ministro José Dirceu se enfrentamno bairro Sudoeste em Brasilia Foto: Dida Sampaio/Estadão

Desagravo. O PT e movimentos sociais articulam um desagravo ao ex-ministro da Casa CivilJosé Dirceu para a próxima semana, em Brasília. O ato, porém, somente ocorrerá depois do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, marcado para o próximo dia 10. Até lá, a prioridade será organizar as manifestações em defesa de Lula.

Após visitar Dirceu nesta sexta-feira, 5, o também ex-ministro Gilberto Carvalho disse que os militantes do PT no Distrito Federal querem rever o antigo companheiro. Afirmou, porém, que não há intenção de dar um caráter político ao encontro, a ser realizado em local reservado.

“A militância está doida para dar um abraço nele. Será uma confraternização informal, um acolhimento fraterno”, resumiu ele. “Estamos felizes porque o Supremo Tribunal Federal começou a dar um basta nos excessos da Lava Jato.”

Carvalho afirmou que quem invadiu a garagem do prédio onde Dirceu mora com a mulher, Simone, e a filha caçula, Maria Antônia, será processado. O aviso, porém, não adiantou e houve mais tumulto nesta sexta-feira.

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“As pessoas serão processadas, mas nós não responderemos o ódio com ódio”, afirmou Carvalho, antes do tumulto desta sexta. “Falamos até com o governador do Distrito Federal (Rodrigo Rollemberg), não tanto pelo Zé, mas pela segurança dos moradores do prédio. Nós somos da paz.”

Reação. Em encontro realizado na tarde desta sexta-feira com militantes do PT, o ex-ministro demonstrou descontentamento com as manifestações. Segundo petistas, Dirceu ressaltou "que era um incômodo desnecessário e criminoso". No entendimento do petista, houve crime no momento em que algumas pessoas entraram dentro da garagem do prédio.