PT quer evitar que governo barganhe com CPI

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Por Agencia Estado
Atualização:

O PT, que surpreendeu a base governista e conseguiu recolher 22 assinaturas em menos de uma semana em favor do requerimento de CPI da Corrupção no Senado, recuou e decidiu deixar a mobilização pela criação da comissão parlamentar de inquérito em "banho-maria" para evitar que ela seja usada como "moeda de troca" pelos parlamentares contrários à cassação de mandato dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido/DF). O partido já obteve o apoio do ex-ministro da Integração Nacional Fernando Bezerra e de peemedebistas, entre eles Pedro Simon e José Fogaça (RS), para a oficialização da CPI. Há informações de que presidente nacional do PMDB, senador Maguito Viela (GO), recém empossado no cargo, também subscreveu o documento. O líder do bloco de oposição no Senado, José Eduardo Dutra (PT-SE), afirmou que vai esperar até quarta-feira, quando será votado o parecer que recomenda a perda de mandato de ACM e Arruda, para retomar o movimento pró-CPI. Essa posição foi fechada depois que os três senadores da bancada do PPS no Senado anunciaram que não iriam subscrever o pedido de CPI até a conclusão do processo de cassação com a avaliação de que, recolher assinaturas neste momento, seria, mais uma vez, servir de instrumento de integrantes da base governista e de carlistas para salvar ACM da cassação. "O governo já desmontou a CPI com a ajuda de ACM para favorecer o acordo em torno do processo de cassação e, agora, facilitar a parceria, seria novamente dar abertura para barganhas políticas", disse o presidente nacional do PPS, o senador Roberto Freire (PE), que forçou o PT a recuar. Para ele, o movimento pela criação da CPI nesse contexto daria força à bancada carlista para se unir a parlamentares da base aliada para derrubar a CPI e o processo de cassação de mandato. "O contexto não é bom e, por isso, quero esperar um pouco de forma a impedir que o requerimento seja utilizado como barganha pelos carlistas", admitiu Dutra. Na semana passada, a oposição sofreu uma dura derrota diante do "enterro" da CPI mista da Corrupção, porque 20 deputados - entre eles os pefelistas da Bahia Paulo Magalhães, Ariston Andrade, Luiz Moreira e Ursicino Queiroz, além de Eujácio Simões, do PL baiano - retiraram suas assinaturas do pedido para a abertura da comissão no Congresso em troca de favores e liberação de recursos orçamentários. Os partidos de esquerda haviam conseguido 182 assinaturas na Câmara e 29 no Senado, número suficiente para instalação da comissão, mas, na última hora, foram surpreendidos com a desistência de 20 deputados, que deixaram de apoiar a CPI mista.

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