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PT pede acesso à investigação de espionagem no RS

Por Elder Ogliari
Atualização:

A bancada do PT na Assembleia Legislativa gaúcha vai pedir acesso ao inquérito da 3ª Vara Criminal de Canoas que investiga supostas extorsões contra operadores de máquinas caça-níqueis e espionagem de políticos, advogados, jornalistas e juízes feitas pelo sargento César Rodrigues de Carvalho enquanto estava lotado - até o final de agosto - na Casa Militar da governadora Yeda Crusius (PSDB). A medida foi anunciada hoje pelos deputados estaduais Raul Pont, presidente estadual do partido, e Stela Farias, uma das pessoas que tiveram sua vida e a de familiares vasculhadas.Os deputados petistas também vão pedir que o colégio de líderes do Parlamento exija esclarecimentos e explicações do governo, e solicitarão ao Ministério Público (MP) que transfira a custódia do sargento do quartel da Brigada Militar (BM, a Polícia Militar gaúcha), onde ele está preso desde sexta-feira, para a Polícia Federal (PF), por medida de segurança."Tudo leva a crer que a ação do sargento contava com o conhecimento do centro do governo e era acobertada por integrantes da Casa Militar", afirmou Stela, referindo-se a algumas informações da investigação que vazaram para a imprensa indicando que assessores diretos de Yeda tinham contatos com o sargento. Stela afirmou que o acesso às informações dos petistas foi mais intenso em outubro do ano passado, no ápice da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigava denúncias de corrupção contra o governo Yeda.Os petistas também querem saber quem autorizou Carvalho a usar uma senha master, de caráter restrito, para acessar no Sistema de Consultas Integradas tanto dados sobre adversários políticos quanto sobre eventuais investigações contra participantes do governo, o que poderia caracterizar proteção. Além disso, disseram esperar que o MP consiga esclarecer qual o destino que era dado ao dinheiro que o sargento arrecadaria dos contraventores.Yeda CrusiusA investigação que o MP do Rio Grande do Sul faz das atividades clandestinas do sargento indica que ele tinha algum tipo de contato com assessores diretos da governadora Yeda Crusius. Entre as pessoas que tiveram suas informações consultadas estão o ex-ministro da Justiça Tarso Genro - candidato ao governo do Estado - e pelo menos mais dois políticos do PT e o senador Sérgio Zambiasi e mais quatro filiados ao PTB. Num trecho do pedido de prisão preventiva de Carvalho divulgado hoje pelo jornal Zero Hora, a promotoria da 3ª Vara Criminal de Canoas questiona "o que pode ligar um sargento às duas assessoras diretas da governadora" e "por qual motivo Rodrigues é tão protegido pelo alto escalão do governo?" numa possível referência a conversas, flagradas em escutas telefônicas autorizadas, em que o sargento trata de sua permanência na Casa Militar com a assessora Sandra Terra, e em que um dos interlocutores cita outra assessora, Walna Vilarins Meneses.Em outro trecho, a promotoria relata que a "a oitiva de ligações captadas dos telefones de Rodrigues indicam que este prestava favores a diversas autoridades, havendo indicação de que o sargento executava atividades ilegais a pedido de tais pessoas". O promotor Amilcar Macedo não atendeu a imprensa hoje. ''Pratos limpos''A governadora Yeda Crusius ainda não comentou o caso publicamente, assim como Walna e Sandra. O secretário da Transparência Francisco Luçardo disse que o governo quer "tudo em pratos limpos", mas, para isso, vai aguardar a conclusão dos inquéritos do MP e da Brigada Militar. Luçardo admite abusos, mas alega que os dados não foram usados para nada e atribui a responsabilidade pelos excessos a quem fez as consultas. Ao mesmo tempo, o secretário considera "estranho" que esse caso, assim como a recente divulgação de um suposto desvio de R$ 10 milhões do Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul), tenham aparecido em período eleitoral. "Será que é para desvalorizar o banco ou para prejudicar a governadora, que está em processo de reeleição?", questiona.

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