PT mineiro se fortalece e deve disputar governo estadual

Por Agencia Estado
Atualização:

O resultado das eleições do segundo turno em Minas Gerais reforça ainda mais a posição do PT mineiro em nível nacional, abrindo espaço até mesmo para que o partido tente eleger, pela primeira vez, um candidato ao Palácio da Liberdade em 2006. Depois da reeleição do prefeito Fernando Pimentel, com 68,49% dos votos válidos em Belo Horizonte no primeiro turno, o partido colocou Marília Campos em Contagem, na região metropolitana da capital. A vitória da petista interrompe a alternância de poder que vigorava nos últimos 32 anos, entre o grupo do ex-governador Newton Cardoso (PMDB) e do atual prefeito Ademir Lucas (PSDB). O cientista político Fábio Wanderley Reis, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acredita que o PT mineiro afirmaria ainda mais a sua liderança no cenário nacional, após as derrotas de Raul Pont, em Porto Alegre (RS), onde a legenda governava há 16 anos e em São Paulo, dois eixos históricos do partido. O próprio prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel disse, ainda antes do primeiro turno das eleições, que buscaria um espaço maior do grupo mineiro neste cenário. Por outro lado, o cientista político acredita que o governador Aécio Neves (PSDB) saiu enfraquecido do pleito municipal, por não ter conseguido eleger os candidatos em três dos cinco mais importantes colégios eleitorais do Estado. Além de Belo Horizonte, os candidatos do PSDB foram derrotados em Contagem e em Juiz de Fora, na zona da mata. "Há um forte enfraquecimento do governador mineiro neste sentido", afirma Reis. A derrota do candidato tucano em Juiz de Fora também arranha o prestígio do ex-governador Itamar Franco, já que a cidade é o seu principal reduto no Estado. Fábio Wanderley Reis não arrisca análises para 2006. Segundo ele, a vitória dos tucanos em São Paulo, reforçaria a presença do prefeito eleito José Serra no partido, que seria uma das principais vozes a serem ouvidas no momento da definição do candidato do PSDB à presidência. As apostas mais fortes seriam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Aécio Neves, conforme o cientista, aproveitaria a forte aprovação popular em Minas para buscar a reeleição ao Palácio da Liberdade. Apesar de o PSDB ser majoritário no Estado, com a conquista de 150 prefeituras nestas eleições, contra 87 petistas, as perspectivas são de que o fortalecimento do PT não torne a vitória fácil para o governador. O cacife adquirido pelos petistas em dois dos principais colégios eleitorais em Minas, favorece o lançamento de uma candidatura própria ao Palácio da Liberdade em 2006. Outra possibilidade é a reedição da aliança que elegeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva há dois anos, que incluem principalmente o PT, o PL e o PTB. Nessa arregimentação de forças, seriam considerados para a disputa, o vice-presidente José Alencar (PL) e o atual ministro do Turismo Walfrido dos Mares Guia (PTB).

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.