PT exige apoio do PMDB a Viana no Senado para eleger Temer na Câmara

Ameaçado de perder voto de petistas, deputado propôs reunião urgente com os senadores de seu partido

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Por Christiane Samarco e BRASÍLIA
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A movimentação de senadores do PMDB para lançar candidato próprio a presidente do Senado provocou uma rebelião na Câmara. Pressionado por líderes e dirigentes petistas, que não aceitam que o PT fique fora do comando do Congresso, o presidente nacional do PMDB e candidato do partido à presidência da Câmara, deputado Michel Temer (SP), quer que a bancada do Senado se explique. "O PT não aceitará o jogo fácil na Câmara e o jogo difícil no Senado", avisou o presidente nacional do partido, deputado Ricardo Berzoini (SP). "Eu boto os 80 votos do PT para você no plenário da Câmara, mas é preciso que haja contrapartida no Senado", cobrou o líder do PT, deputado Maurício Rands (PE), em conversa com Temer na quinta-feira. Ameaçado de perder o apoio de petistas de Norte a Sul, o candidato peemedebista propôs uma reunião com os senadores de seu partido o quanto antes, com o claro objetivo de "tirar uma satisfação" do Senado. Toda a cúpula do PMDB na Câmara trabalha para que os senadores se manifestem oficialmente neste início de semana, reafirmando a prioridade para a eleição de Temer. Mas os deputados já foram avisados de que o senador José Sarney (PMDB-AP) não estará em Brasília hoje, como gostariam. Mais do que isso, os peemedebistas do Senado já fizeram chegar um recado objetivo à bancada de deputados: "Uma declaração oficial, de que o PMDB do Senado não vai disputar a presidência da Casa, Temer não terá." SEM CONTROLE O PT tem compromisso firmado, por escrito, de eleger o presidente do PMDB sucessor do petista Arlindo Chinaglia(SP), no comando da Câmara. A sucessão no Senado não entrou nessa negociação, até porque a cúpula da Câmara não tinha e não tem controle algum sobre a bancada de senadores. Os petistas sabem disso, mas fazem ouvidos moucos a qualquer ponderação nesse sentido. "O recado do presidente Lula ao PMDB foi dado", diz a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), referindo-se à manifestação do presidente no jantar oferecido ao PMDB duas semanas atrás. "O presidente não os chamou ao Palácio da Alvorada para o PMDB entender o que lhe é conveniente", adverte Ideli, referindo-se ao jantar de Lula com a cúpula peemedebista há três semanas. Na ocasião, o presidente falou da inconveniência de o PMDB presidir as duas Casas do Congresso, quando a base governista reúne 14 partidos, e citou a candidatura do petista Tião Viana (AC), a quem nenhum peemedebista fez restrições. Nas conversas de bastidor no Senado, o PMDB se vale da resistência das bancadas do DEM e do PSDB em aceitar um presidente do PT, que é a quarta força política da Casa, atrás desses três partidos. Um dos convidados do jantar com Lula lembra que a líder do governo no Congresso, Roseana Sarney (PMDB-MA), advertiu o presidente de que era preciso avaliar com calma a questão, porque um nome do PT enfrentaria problemas. Para a líder Ideli, "é óbvio" que a vinculação entre a sucessão na Câmara e no Senado existe. "Isso não foi explicitado no acordo, mas estava implícito'', emenda o líder Rands, ao destacar que está em jogo o equilíbrio de forças no Congresso. O líder do PR na Câmara, Luciano Castro (RR), concorda que "é fundamental que o PMDB se concentre na Câmara e faça um acordo com o PT no Senado", se quiser evitar problemas para a eleição de Temer. "O PT não admitirá ficar sem nada", adverte Ideli. A líder entende que insistir na disputa pode ser "perigoso" para Temer, que já tem um opositor na Câmara - Ciro Nogueira (PP-PI), cuja campanha está a pleno vapor. "A movimentação no Senado põe em risco a candidatura do Michel. O PMDB que brinque, para ver", desafia a petista.

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