PT espera 30 mil pessoas em festa na Esplanada

Objetivo é demonstrar apoio popular a Dilma e tentar reduzir questionamentos dos adversários

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Por Rafael Moraes Moura
Atualização:
Petistas do Pará no Ginásio Nilson Nelson, em Brasília; militantes viajaram de Belém para a posse de Dilma Foto: Andre Dusek/Estadão

BRASÍLIA - Após o desgaste provocado com o lançamento de medidas impopulares, o anúncio de um Ministério com nomes contestados pelos movimentos sociais e o surgimento de manifestações pró-impeachment, o PT pretende mobilizar pelo menos 30 mil pessoas para encher a Esplanada dos Ministérios e tornar a posse da presidente Dilma Rousseff um grande endosso popular ao segundo mandato da petista.

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No Palácio do Planalto a avaliação é de que a mobilização da sociedade civil é fundamental para mostrar que a presidente possui legitimidade e apoio popular, o que ajudaria a desencorajar “aventureiros” que queiram questionar o resultado das urnas.

“Vai ser uma posse de caráter marcadamente político, no sentido de uma disputa, de uma festa, de celebração de uma vitória”, diz Gilberto Carvalho, que ocupou o cargo de ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República. “Se tiver pouca gente, menos de 10 mil pessoas, é um convite para que o outro lado faça uma provocação. Se nós botarmos bem mais gente que isso, duvido que alguém queira nos fazer qualquer provocação.”

O ginásio Nilson Nelson, no centro de Brasília, foi cedido pelo governo do Distrito Federal e se tornou abrigo para os militantes que se deslocaram de 22 Estados. Por volta das 10h30 desta quarta-feira, o local estava praticamente vazio, mas a expectativa era a de que entre 400 e 500 ônibus chegassem ao longo do dia. As caravanas foram organizadas pelo PT, centrais sindicais e, em alguns casos, pelos próprios militantes.

O partido não informou os gastos com o transporte de pessoas e a realização da festa, que contará com shows da sambista Alcione, do rapper GOG e da cantora brasiliense Ellen Oléria.

“A militância do PT compareceu em peso na campanha e só não está comparecendo em número maior agora porque muitas pessoas não têm condição de vir”, afirma Gilberto Carvalho. “Eu estou otimista com uma festa bonita.”

Apoio. A artesã Raimunda Edna da Silva, de 53 anos, saiu de Macapá no sábado passado, pegou um navio rumo a Belém e de lá seguiu em uma viagem de 36 horas de ônibus, que terminou às 7 horas da quarta-feira, 31.

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“Vir para cá era uma questão de honra, porque não sei quando vou aplaudir uma outra mulher e uma outra petista na Presidência da República”, diz. “A Dilma vai precisar muito da gente no segundo mandato.”

Para o cantor e compositor Ronaldo Alcântara, 49, a vitória apertada, no 2.º turno, de Dilma sobre o senador Aécio Neves, que foi candidato do PSDB à Presidência da República, fez a militância se mobilizar para viajar a Brasília. “É importante estar aqui para fortalecer Dilma”, justifica.

A caravana de Belém reuniu 45 pessoas, que pagaram uma cota pessoal de R$ 280 para fretar um ônibus. Na bagagem, eles trouxeram farinha de mandioca e dez litros de açaí. “Houve erros no governo da presidente Dilma, todo mundo erra. Mas os erros foram muito menores do que o de governos anteriores. Fala-se tanto de corrupção na Petrobrás e se esquecem da privatização da Vale”, diz o advogado Andrei Mantovani, 40. Os militantes entrevistados pelo Estado não compareceram à primeira posse de Dilma, em 1.º de janeiro de 2011.

Chuva. Há quatro anos, a posse de Dilma para o primeiro mandato mobilizou cerca de 30 mil pessoas, que enfrentaram uma forte chuva na Esplanada dos Ministérios. Dilma foi obrigada a fazer o trajeto até o Congresso com a capota do Rolls-Royce fechada, o que deixou parte da militância frustrada.

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A ocasião também marcou a despedida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muitos foram a Brasília com o objetivo de se despedir dele. Após transmitir o cargo para sua sucessora e recepcionar os chefes de Estado, Lula desceu a rampa do Palácio do Planalto para cumprimentar as pessoas que o esperavam na rua. Petistas cantarolavam na Praça dos Três Poderes o bordão “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula”.

Em 2011, o PT também mobilizou sua militância para a posse e espalhou bandeiras do partido no trajeto do Rolls-Royce presidencial. Tímidas bandeiras do PMDB, partido do vice-presidente Michel Temer, também foram espalhadas na Praça dos Três Poderes.

A previsão do tempo em Brasília para o dia da posse é de sol com nuvens e chuvas rápidas durante o dia e à noite.

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