PT deve ser mais duro com irregularidades, diz Wagner

O governador eleito da Bahia disse que o PT não deve mais viver com dúvidas sobre a legalidade e legitimidade dos atos de seus dirigentes que afetem a vida partidária

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), afirmou nesta terça-feira que o PT não pode mais viver com dúvidas sobre a legalidade e legitimidade dos atos de seus dirigentes e deve, de agora em diante, adotar uma postura mais dura em relação a irregularidades que venham a afetar a vida partidária. Wagner, que participou, na tarde desta terça-feira, da gravação de uma entrevista para o Programa do Jô, da TV Globo, ressaltou que não se trata de fazer um pré julgamento de casos, como o do presidente licenciado da legenda, Ricardo Berzoini, mas insistiu que o PT não tem mais condições de conviver com suspeitas. "Eu não faço pré julgamentos. Eu só acho que o PT não tem mais nenhuma possibilidade de conviver com nenhuma suspeita, nem com nada feito de forma errada", afirmou o governador eleito da Bahia. Questionado especificamente sobre a situação em que se encontra Berzoini, que teve seu nome envolvido nas denúncias do dossiê Vedoin, Wagner disse acreditar que o licenciamento dele, por enquanto, é suficiente. Mas completou que, caso as suspeitas que pesam sobre o dirigente se confirmem, não será mais possível conviver com ele na presidência do partido. Ainda em relação ao PT, Wagner chamou de "besteirol" a tese de que é necessária uma "despaulistização" da direção da legenda. De acordo com ele, o que poderá ocorrer, de agora em diante, é uma "oxigenação" da máquina partidária, com o fortalecimento da participação de outros Estados no comando da sigla, em função, por exemplo, das diversas vitórias obtidas em eleições estaduais no Nordeste e no Norte do País. "Isso oxigena a máquina partidária. Na minha opinião é inevitável. Agora, eu não gosto destes cortes geográficos - ´não pode ser de São Paulo, tem que ser do Nordeste´. Acho isso um besteirol", afirmou. Ministério Wagner também aproveitou para comentar a possibilidade de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dedicar em seu segundo governo um espaço menor ao PT. O governador eleito admitiu que Lula tende a formar um governo que consolide sua base de sustentação e ressaltou que é natural que o PT enfrente o ônus dessa estratégia. "Evidentemente que, se ele (Lula) quiser ampliar uma outra base, pode ser que se peça um sacrifício ao PT. Mas, na minha opinião, não há uma visão da parte do presidente, de que tem que ter menos PT." Wagner disse ainda que não acredita que o presidente Lula faça muitas mudanças drásticas em seu Ministério para o próximo mandato. Segundo ele, é provável que permaneçam no cargo os "ministros da Casa", como Dilma Rousseff (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), Luiz Dulci (Secretaria-Geral da Presidência) e Tarso Genro (Relações Institucionais). Perguntado sobre se deve aumentar o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios, Wagner afirmou que acredita que o atual número de vagas ocupadas pela legenda é "correto". "Eu acho que é um tamanho bastante razoável." Para o governador eleito da Bahia, as mudanças em ministérios devem atingir, principalmente, as pastas hoje ocupadas por ministros interinos. Ele citou como exemplo a pasta da Saúde, que foi deixada por Saraiva Felipe e assumida por Agenor Álvares. Na entrevista ao apresentador Jô Soares, Wagner também comentou a surpresa trazida por sua vitória nas urnas na corrida estadual baiana. Lembrando que praticamente ninguém acreditava que seria possível derrotar o PFL, ele afirmou que, nem mesmo o próprio presidente Lula, pensava diferente. "O presidente costumava dizer: ´Esse galego é um homem otimista. Nós sabemos que ele não vai ganhar´", brincou.

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