PT contraria Lula, critica BC e pede equipe alinhada ao PAC

Resolução aprovada pelo partido pede, "enfaticamente", redução da taxa de juros

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O PT ignorou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo fim do fogo amigo. Depois de um dia de reunião, o Diretório Nacional petista aprovou nesta Sábado uma resolução política em que cobra ?enfaticamente? a redução das taxas de juros, critica o conservadorismo da política monetária, pede a formação de uma equipe econômica ?alinhada? com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e sugere que deseja ocupar ministérios considerados estratégicos, como o das Comunicações, pasta hoje destinada ao PMDB. ?De antemão, registramos que a orientação pró-crescimento, contida neste plano (PAC), depende em boa medida da política monetária?, diz o documento. ?Entendemos que há condições para acelerar a redução da taxa de juros e criticamos enfaticamente o conservadorismo da mais recente decisão do Copom?, diz o texto, em referência à última reunião do Conselho de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa de juros em apenas 0,25 ponto percentual - o mercado aguardava queda de 0,5 ponto percentual. A resolução passou pelo crivo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que se reuniu na semana passada com o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). A chamada ala desenvolvimentista do governo aprovou as críticas ao Banco Central. Mesmo sem citar nominalmente o presidente do BC, Henrique Meirelles, a cúpula petista partiu para o ataque. Um dos trechos da resolução destaca que, para evitar a inflação, o BC mantém um ?patamar elevadíssimo da taxa de juros, que se situa entre os mais altos do mundo?. Ao bombardear a política monetária, observa que ?na leitura do Copom? os investimentos previstos no PAC constituem aumento dos gastos públicos e destaca a importância de um crescimento não inferior a 5% por ano. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse que a expectativa é de crescimento de 4,5% neste ano e de 5% nos três anos seguintes. No jantar de comemoração de 27 anos do PT, Lula pediu ao PT que pusesse um ponto final na disputa interna e que admitisse o sucesso da política econômica. ?Perguntem aos economistas que assessoram o PT em que momento da história nós vivemos um momento igual a esses. Perguntem, indaguem!?, conclamou. O pito não adiantou. O PT argumenta que para a formação do segundo governo Lula é fundamental a constituição de uma equipe econômica ?afinada com os objetivos defendidos durante a campanha eleitoral.? Para que a inclusão social seja atingida, é preciso que equipes do BC e de ministérios como Fazenda e Planejamento estejam ?sintonizadas? com os objetivos de mudança. Para Berzoini, a resolução demonstra que ?o PT é um partido autônomo? em relação ao governo. ?O presidente sabe que há calor no debate, mas que, após os nossos encontros, todos se unificam.? Além de defender mudanças na política monetária, a resolução - que teve apenas dois votos contrários - também trata da partilha de cargos. Tem seis parágrafos sobre o Ministério das Comunicações, indicando que a pasta é o novo objeto do desejo petista. Para o PT, ministérios da área de infra-estrutura como Cidades, Integração Nacional, Minas e Energia e Transportes devem ser ocupados por equipes afinadas com os imperativos do crescimento. ?Ganha especial importância o ministério das Comunicações?, diz o documento. Berzoini negou que a menção a esses ministérios signifique que o PT esteja de olho neles.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.