PT blinda ministro de perguntas sobre aviões

Bernardo volta a negar favores a empreiteiros, mas admite carona em aviões; no Senado, PSDB pede sua convocação

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Por Redação
Atualização:

BRASÍIA - Maior sintoma de que o suposto envolvimento do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, com um empreiteiro preocupa o Planalto e abriu uma janela de oportunidade para a oposição foi dado na terça-feira, 23, no Congresso. Na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, uma tropa de petistas foi escalada para blindar o ministro. No Senado, a oposição manteve a ofensiva e o PSDB apresentou à Comissão de Fiscalização e Controle do Senado um requerimento de convite a Bernardo.

 

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Apesar de voltar a negar troca de favores com empresários do Paraná responsáveis por obras do governo no Estado quando ainda chefiava o Ministério do Planejamento, o ministro das Comunicações admitiu na terça-feira conhecer os sócios da empreiteira Sanches e Tripoloni e ter pegado caronas em aviões alugados no ano passado pela campanha da ministra da Casa Civil - e sua esposa -, Gleisi Hoffmann, ao Senado. O ministro, porém, manteve a versão de que não sabia quem eram os proprietários das aeronaves.

 

Enquanto o PSDB articula a convocação de Bernardo ao Senado para explicar as denúncias que chegaram ao noticiário nos últimos dias, a tropa de choque dos deputados petistas tentava livrar Bernardo de ter que responder sobre suas relações com a empreiteira na terça-feira na Câmara.

 

O ministro chegou à Comissão de Ciência e Tecnologia da escoltado pelos principais nomes do governo na Casa, após ter passado rapidamente pelo gabinete da Liderança do PT. O tema da audiência pública era o modelo de rádio digital a ser adotado pelo Brasil, e a intenção da base era manter o debate restrito às tecnicidades do assunto, mas tão logo encerrou sua apresentação Bernardo foi alvejado pelos questionamentos dos paramentares da oposição.

 

Além do suposto uso de aviões da empresa responsável pelo Contorno Viário de Maringá, os deputados do DEM Onyx Lorenzoni (RS), Rodrigo Maia (RJ) e Pauderney Avelino (AM)questionaram as doações da empreiteira à campanha de Gleisi.

 

Antes que Bernardo pudesse responder, porém, os parlamentares do PT, Arlindo Chinaglia (SP) e Gilmar Machado (MG) deram início a um bate-boca para evitar que as questões fossem abordadas, já que não era esse o tema da audiência pública. Já o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que o ministro poderia responder aos questionamentos na próxima semana, quando irá à Comissão de Fiscalização e Controle.

 

Ainda assim, Bernardo sentiu-se na obrigação de se explicar e voltou a dizer que a obra sob suspeita em Maringá foi originada de uma emenda parlamentar. "Todos os deputados e senadores do Estado do Paraná assinaram o pedido. Quando tem a demanda, todos vão lá pedir, mas quando tem um problema o ministro Paulo Bernardo vira padrinho do problema", ironizou.

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O ministro admitiu, no entanto, conhecer os sócios da empreiteira, Antônio Sanches e Paulo Tripoloni. Segundo ele, porém, a empresa não doou recursos apenas para a campanha da ministra Gleisi, como também realizou doações a outros candidatos e partidos, inclusive da oposição.

 

Bernardo voltou a assumir que andou de carona em aviões alugados pela campanha da ministra, mas não tem como informar os prefixos e nem os proprietários das aeronaves. "Não vou responder pela Gleisi, porque não sou procurador dela nem para pagar conta de luz. Ela registrou e pagou, e o Tribunal Regional Eleitoral (TER) aprovou a prestação de contas", completou.

 

Para o ministro, é normal que empreiteiras que assinam contratos com o governo apresentem crescimento elevado de seus faturamentos. Ele ressaltou que os investimentos públicos saltaram de R$ 3 bilhões em 2005 para R$ 638 bilhões no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e jogou novamente para o Congresso parte da responsabilidade sobre a escolha das obras a serem executadas. "Houve grande pressão por parte dos parlamentares para a inclusão empreendimentos no PAC", afirmou.

 

Visivelmente irritado, o ministro também atacou a parcela da imprensa que publicado denúncias envolvendo o seu nome. Ele citou as matérias que abordaram suas supostas relações com o ex-diretor-geral Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, exonerado devido às irregularidades nos contratos do órgão. "Ao invés de jornalismo investigativo, estão fazendo jornalismo insinuativo", acusou. "Jornalista não pode ser desleixado, preguiçoso. Ele tem que ir atrás", concluiu.

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