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PT adota saída intermediária e ''sugere'' licença para Sarney

Bancada resiste a enquadramento de Lula, mas não se moverá para tirar senador do posto

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Por Vera Rosa
Atualização:

O governo não conseguiu convencer a bancada do PT no Senado a declarar apoio ao presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), acusado de beneficiar parentes e aliados por meio de atos secretos. Na quarta reunião para resolver o imbróglio, os senadores petistas reafirmaram a "sugestão" para Sarney se licenciar temporariamente, "num gesto de grandeza e de garantia à credibilidade das investigações", mas não moverão uma palha para tirá-lo do cargo, admitindo que o afastamento é uma decisão unilateral. Foi, na prática, uma tentativa de marcar posição, seis dias após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter atuado com mão de ferro para enquadrar a bancada. Leia a íntegra da nota do PT sobre a licença de Sarney A "saída" encontrada pelo PT para o impasse alimentou o "fora, Sarney" no plenário. Depois que o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), líder da bancada, leu, diante de Sarney, a nota aprovada na reunião, parlamentares como Pedro Simon (PMDB-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP) voltaram pedir a licença do presidente do Senado. Embora quisessem que o PT declarasse o apoio a Sarney, Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff - pré-candidata do partido ao Planalto - não foram surpreendidos com a decisão. Informado da resistência, o governo trabalhou, nos últimos dias, para construir a solução menos traumática. A preocupação de Lula é não provocar Sarney nem o PMDB. Não sem motivo: o Planalto precisa do partido não só para sustentar a candidatura Dilma em 2010, como para tirá-lo de enrascadas, como a CPI da Petrobrás. "A nota do PT não prega a saída do Sarney. O texto fala de gregos e troianos, passando por espartanos, atenienses e persas", ironizou o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). "Trabalhamos no mundo real e compreendemos que foi o texto possível." O presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), criticou duramente a posição dos senadores de seu partido. "Produziram uma nota com vocação arqueológica, defasada no tempo", atacou Berzoini. "O PT defende a permanência de Sarney à frente da Casa e em hipótese alguma trabalhará por seu afastamento. Pedir isso é o mesmo que propor um golpe." Contrariado com os companheiros do Senado, Berzoini fez questão de destacar que os deputados do PT estão "totalmente alinhados" com a posição de Lula, "ao contrário da bancada do Senado, que tem abordagens transversais, intersetoriais e holísticas". Sem se importar com as estocadas, Mercadante afirmou que há "interpretações equivocadas" sobre a decisão dos senadores. "Formalizamos por escrito o que já dissemos várias vezes: a bancada defende o afastamento temporário do senador Sarney, mas essa é uma decisão que depende dele", disse.

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