BRASÍLIA - Dois partidos contrários ao impeachment da presidente Dilma Rousseff apresentaram votos em separado a favor da petista. Os votos foram entregues por PSOL e PDT.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) afirmou que o processo de impeachment precisa ser feito de maneira criteriosa e disse que o voto de seu partido tenta ir além do maniqueísmo. "Isso não ajuda na construção política da sociedade", disse o deputado.
Alencar disse que o pedido de impeachment tem defeitos congênitos, pois foi aceito após uma barganha do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com os partidos da oposição. Ele citou o jurista Miguel Reale Jr., um dos autores do pedido, em sua argumentação. "Não foi coincidência que Cunha tenha acolhido o impeachment quando deputados do PT decidiram aceitar seu pedido de cassação na Comissão de Ética", afirmou.
PDT. Líder do governista PDT, o deputado Weverton Rocha (MA) também apresentou voto em separado a favor da presidente Dilma Rousseff. O parlamentar defendeu que questões de uma gestão anterior não podem embasar um processo de impeachment, em referência às pedaladas fiscais, cometidas em 2013 e 2014.
Para Rocha, as questões nas quais se embasa o processo de impeachment são inconsistentes. Ele citou, por exemplo, a maneira como as discussões são conduzidas. "Promover reuniões para esclarecer aspectos da denúncia é um reconhecimento de que ela não está clara o suficiente", afirmou o deputado. "O processo é inclinado de vícios, o que gera a sua nulidade", disse o deputado.
Sobre os créditos suplementares sem autorização do Congresso, outra questão na qual é embasado o processo de impeachment da presidente Dilma, o deputado defende: "A abertura de créditos suplementares faz parte do legítimo dever da presidente".
Weverton Rocha disse ainda que "acusações infundadas poderiam causar abalos ao sistema constitucional" e que "autorizar o processo de crime de responsabilidade resultará em verdadeira ruptura da ordem jurídica estabelecida".