PSL rompe com governo Witzel, mas não deixa cargos

Nenhum dos cerca de 40 indicados pelo partido, maior bancada no Legislativo estadual do Rio de Janeiro, deixou os cargos ocupados pela legenda no Executivo

PUBLICIDADE

Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO – Nove dias após afirmar em nota que “filiados ao PSL não devem exercer cargos” no governo de Wilson Witzel (PSC) e recomendar a “desfiliação partidária” de quem discordasse, o presidente do PSL-RJ, senador Flávio Bolsonaro, mudou o discurso. Agora, o parlamentar não cobra mais a desfiliação dos correligionários que continuem com Witzel.

Nesta sexta-feira, 27, ele vai se reunir com integrantes do PSL fluminense, na Barra da Tijuca (zona oeste), para discutir a participação no governo estadual. Na prática, sua ordem não foi cumprida. Nenhum dos cerca de 40indicados pelo PSL, maior bancada no Legislativo estadual, com doze cadeiras, deixou os cargos ocupados pela legenda no Executivo.

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel Foto: Wilton Junior/Estadão

PUBLICIDADE

“Não vou impor nada a ninguém, não vou expulsar ninguém por causa disso (participação no governo)”, afirmou Flávio Bolsonaro em entrevista à rádio Tupi, do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira. “Os espaços que os deputados estaduais têm hoje no governo (do Estado) não têm nada a ver com Flávio Bolsonaro, nada a ver com o PSL, é uma construção individual, uma opção deles, então eles é que vão ter que decidir, arcar com os ônus e bônus de permanecer no governo e depois arcar com as consequências de como o eleitor vai fazer essa leitura de eles participarem de um governo que é concorrente do presidente Jair Bolsonaro em 2022”.

A ameaça de desfiliação não produziu efeitos. Os dois integrantes do PSL que ocupam pastas no governo Witzel permanecem nos cargos. Leonardo Rodrigues é o secretário de Ciência e Tecnologia. A major PM Fabiana Silva, eleita deputada federal pelo Estado do Rio, continua secretária de Vitimização e Amparo à Pessoa com Deficiência.

Já o deputado estadual Alexandre Knoploch colocou à disposição de Witzel seu cargo de vice-líder do governo na Assembleia Legislativa. Mas não houve efeito prático e ele continua na função. “Flávio Bolsonaro sabe o que faz. Se mudou o posicionamento, tem os motivos dele. Eu não tenho como dizer se o que ele fez é correto ou não. Ele devia ter uma visão antes e agora tem outra visão”, resumiu Knoploch em entrevista ao Estado.

Para o deputado, os dois secretários que decidiram permanecer no governo Witzel agiram corretamente. “Eles agiram de forma corretíssima. Leonardo Rodrigues não é cota do PSL, e se alguém deve alguma coisa é o PSL a ele”, afirmou.

Flávio Bolsonaro presideo PSL no Rio de Janeiro Foto: Dida Sampaio / Estadão

Ordem para integrantes deixar governo foi dada por Flávio

Publicidade

A ordem para os integrantes do PSL deixarem o governo Witzel foi dada por Flávio Bolsonaro. Ele se manifestou depois que, em entrevista à Globonews, o governador do Rio afirmou que vai concorrer à Presidência da República em 2022, em vez de apoiar Jair Bolsonaro, que deve se candidatar à reeleição.

“Eu sou governador do Estado querendo ser presidente da República. Tem questões macro que só um presidente pode resolver, e eu tenho projetos para o Brasil”, disse.

Na mesma entrevista, Witzel afirmou que o apoio de Bolsonaro não foi determinante em sua eleição: “Eu fui eleito no Rio de Janeiro não pelo apoio do Bolsonaro, porque ele nunca declarou voto em mim. Eu declarei que votaria nele, mas ele nunca declarou voto em mim. As pessoas me escolheram por aquilo que eu sou na minha história. Muita gente, pelo fato de eu ter declarado meu apoio ao Bolsonaro, entendeu que nós tínhamos semelhança de propostas e também votaram em mim”, afirmou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.