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PSDB reconduz Aníbal à liderança e bancada tucana ganha ala dissidente

Disputa entre deputados é mais um round entre partidários dos governadores José Serra e Aécio Neves

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Por Eugênia Lopes
Atualização:

A disputa na cúpula do PSDB se irradiou pela bancada tucana na Câmara. A reeleição ontem do líder do partido na Casa, José Aníbal (SP), para comandar a bancada por mais um ano deixou os deputados do partido em pé de guerra. Aníbal foi reconduzido ao cargo com os votos favoráveis de 36 parlamentares. Inconformado, um grupo de 19 deputados divulgou nota acusando Aníbal de "golpista e antidemocrático", abriu dissidência e criou o "Movimento Unidade, Democracia e Ética" contra sua reeleição. Leia a íntegra da nota que critica a reeleição do líder José Aníbal "Para mim, o que eles falam é irrelevante. Não conseguiram vetar a reeleição e fazem nota", reagiu Aníbal. Na nota, os dissidentes afirmaram que a recondução do líder foi "ato típico de regimes autoritários". Argumentaram ainda que a mudança nas regras, na véspera da votação, para permitir a reeleição consecutiva do líder "é inaceitável para um tucano que tenha ética e respeito ao estatuto do partido". Os dissidentes anunciaram que não aceitarão a orientação do líder, "por considerar ilegítima sua eleição", e terão atuação "independente" na Câmara. Por trás do racha da bancada está a queda-de-braço entre os governadores de São Paulo, José Serra, e de Minas , Aécio Neves, ambos pré-candidatos do PSDB na corrida presidencial de 2010. Do lado de Aníbal, estão os deputados mais afinados com a candidatura de Aécio. Já os dissidentes são mais ligados a Serra. A bancada paulista rachou ao meio: dos 18 deputados do PSDB, nove ficaram com Aníbal e outros nove na dissidência. A reeleição do líder abortou a candidatura de Paulo Renato (SP), representante do grupo de aliados de Serra. O ex-ministro da Educação do governo Fernando Henrique Cardoso também assinou o manifesto. CLIMA RUIM "Criou-se um processo de tensionamento na bancada e o clima está muito ruim", observou o deputado Gustavo Fruet (PR), um dos dissidentes. O clima está tão pesado que os dois grupos não se falam e mal se cumprimentam. Os ânimos ficaram mais acirrados desde a noite de terça-feira, quando, em reunião da bancada, Aníbal conseguiu aprovar com 38 votos a tese de que era possível a reeleição consecutiva para a liderança. Irritados, os deputados contrários à sua recondução deixaram o encontro e decidiram criar o movimento de dissidência. Os dissidentes acusam ainda o líder de distribuir cargos entre seus simpatizantes para garantir a reeleição. Aníbal teria se comprometido a dar postos em comissões temáticas da Câmara para quem apoiasse sua recondução. "Eles é que são democratas", ironizou o líder. "Quando cheguei aqui era tudo prato feito, com os líderes sendo escolhidos por aclamação. Até o apoio à eleição de Arlindo Chinaglia para presidente da Câmara, em 2007, estava definido." Há dois anos, um dos principais articuladores tucanos em favor da eleição de Chinaglia foi Serra. ''CHAVISTA'' O grupo contrário à recondução de Aníbal alegou que o estatuto do PSDB não permitia duas reeleições consecutivas e as regras foram mudadas na véspera da eleição. "Mudar as regras 12 horas antes da eleição é golpe", afirmou o deputado Vanderlei Macris (SP). "A condução da bancada no último ano foi de pouca oposição. Estamos manifestando inconformidade", disse o deputado Arnaldo Madeira (SP), que no ano passado disputou e perdeu a liderança do PSDB para Aníbal. "Aníbal teve uma atitude chavista", acusou Madeira, em uma referência ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, que quer perpetuar-se no governo. Os aliados do líder minimizaram o racha na bancada. "É uma questão de tempo. Tudo vai se resolver. O ideal era que essa divisão não tivesse ocorrido. Mas as mágoas pessoais não podem interferir na causa maior, que é o fortalecimento do PSDB em 2010", argumentou a deputada Raquel Teixeira (GO).

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