
14 de outubro de 2015 | 18h24
Brasília - O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) reprovou nesta quarta-feira, 14, a atitude de outros membros do partido em não cobrar que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, se afaste do cargo. "Não quero intervir na bancada da Câmara, ou na liderança do deputado Carlos Sampaio, mas nesse episódio o PSDB pecou no mínimo por lentidão", afirma. Para o senador, falta diálogo interno no partido.
Cássio Cunha Linha se referiu às declarações do líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (PSDB-SP) que afirmou que Eduardo Cunha "tem o benefício da dúvida", após a Procuradoia-Geral da República denunciar a existência de contas na Suíça em nome do presidente da Câmara, na semana passada. E também aos demais deputados do partido que não assinaram a representação no Conselho de Ética contra o presidente da Casa, proposta nesta terça pelo PSOL e pela Rede.
Na avaliação do senador tucano, o PSDB deveria ter reagido mais rapidamente.No entanto, não existe no momento um discurso alinhado entre os parlamentares do PSDB no Senado e na Câmara quanto ao afastamento do peemedebista. Por essa razão, o senador defende que o partido se reúna. "As lideranças precisam se reunir e dialogar, o que não pode é ética seletiva, que funcione de acordo com nossas conveniências e interesses", afirma.
Na opinião do senador, a situação de Eduardo Cunha como presidente da Câmara é "insustentável". Ele defende que Cunha dê continuidade ao mandato, mas não à frente da Casa. "Ele pode permanecer no plenário, como muitos outros deputados e senadores que respondem a inquéritos e ações penais, mas não tem condições de exercer o cargo de presidente, por toda a pedagogia que essa ação representa, de que na política vale tudo."
Nota. Mais cedo, o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), desconversou sobre a reação tímida da oposição ao processo por quebra de decoro parlamentar proposto pelo PSOL e pela Rede Sustentabilidade no Conselho de Ética contra o presidente da Câmara. Nenhum parlamentar dos partidos adversários da presidente Dilma Rousseff assinaram o documento. Apesar disso, Mendonça nega haver blindagem ao peemedebista e disse que a manifestação por meio de uma nota, no fim de semana, já seria suficiente para marcar a posição do grupo.
PSDB, PPS, PSB, SD e DEM divulgaram uma nota no sábado na qual pedem o afastamento do peemedebista logo após a revelação de que as contas na Suíça pagaram despesas pessoais de parentes de Cunha. Mendonça rechaçou a tese de que a mensagem divulgada tenha sido "jogo de cena". "Nós já nos manifestamos por nota. A nossa manifestação foi pública, ampla e nessa direção: propondo o afastamento dele", afirmou o líder.
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