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PSDB lança site e se arma para 'guerra cibernética'

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Por ELIZABETH LOPES E CAROLINA FREITAS
Atualização:

Antes do início da batalha nas urnas, a eleição presidencial de 2010 já movimenta um verdadeiro exército de militantes petistas e tucanos, que decidiram trocar a panfletagem nas ruas pela internet. A disseminação das redes sociais e o crescimento do número de internautas no País, hoje em torno dos 65 milhões, tornam a grande rede uma ferramenta essencial na elaboração das estratégias de campanha para as eleições 2010. O PSDB lança hoje um megaportal (www.tucano.org.br) seguindo os conceitos da web 2.0 - com conteúdo em texto, áudio e vídeo, espaço para chats e links para a página do partido em redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook - em um ambiente colaborativo."Precisamos reunir o nosso exército para enfrentar este novo momento virtual e o tucano.org.br será a porta de entrada dos nossos militantes", afirma César Gontijo, secretário-geral da Executiva Estadual do PSDB de São Paulo e um dos idealizadores do novo portal. Na sua avaliação, o PT saiu na frente no que ele classifica de "guerra cibernética contra os tucanos". Ele cita, por exemplo, que se for feita uma busca no YouTube (site de compartilhamento de vídeos) com os nomes de Dilma Rousseff (PT) e de José Serra (PSDB), pré-candidatos à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os primeiros resultados dos vídeos da petista são altamente positivos e favoráveis. E com Serra, ocorre o inverso, com vídeos desfavoráveis e negativos. "Nossa ação não será de ataque ou revide, mas sim propositiva", informa o secretário-geral. Gontijo diz que o novo portal não foi criado apenas com foco nas eleições 2010. "Estamos acompanhando uma tendência natural de interatividade e queremos também melhorar um dos grandes desafios do partido, que é a comunicação." Porém, ele reconhece a força que essa ferramenta terá nas eleições ao propiciar aos militantes e simpatizantes um instrumento para a troca de ideias e ao partido, um canal para a disseminação de sua plataforma. Além da interatividade e do acesso às redes sociais, o novo portal traz também a ''tucanopedia'', que funcionará da mesma forma que a enciclopédia virtual Wikipedia e exibirá o perfil dos filiados, a TV tucana, que exibirá programas ao vivo e abrirá espaço para perguntas dos internautas, um mapa interativo e um extranet para os cerca de 150 mil filiados no Estado. O portal é iniciativa do Diretório Estadual do PSDB paulista, mas a ideia é que a partir dele seja criada uma rede nacional, com a interação dos outros diretórios da sigla. O primeiro programa da TV Tucana irá ao ar no portal no dia 31 de agosto, com pronunciamentos do presidente nacional da legenda, senador Sérgio Guerra (PE), e do presidente do PSDB paulista, Mendes Thame. Questionado sobre o custo do projeto, Gontijo diz: "Praticamente não tivemos custo, pois contamos com a expertise dos funcionários do Diretório e de colaboradores, como João Gaião (publicitário, consultor de marketing político, diretor de vídeo e cinema) e Ricardo Gonçalves (diretor-executivo da empresa de tecnologia Mundo Livre). Podemos dizer que o portal é resultado da força da nossa militância." Sem medoTanta novidade no flanco tucano parece não alarmar os petistas. Questionado sobre o lançamento do portal do PSDB, o secretário nacional de Comunicação do PT, Gleber Naime, adianta que a legenda tem planos de melhorias permanentes e graduais de sua comunicação via portal e redes sociais, sem entrar em detalhes. Para disseminar o nome de Dilma Rousseff até o pleito do ano que vem, o PT quer apostar na militância do "mundo real". "O PT vê os novos instrumentos de comunicação como meios, não como um fim, nada substitui a ação humana", argumenta Naime, reconhecendo, contudo, que "a internet e as redes sociais são meios mais ágeis e baratos para informar e trocar informação". Segundo o secretário de Comunicação petista, a sigla não tem assessoria especializada em marketing digital e as ações de seus militantes na internet, que na visão de especialistas da área potencializam na rede as ações negativas de Serra, são "realmente espontâneas". Naime não concorda com a visão dos especialistas e do próprio PSDB de que os petistas utilizam redes sociais e o Google para turbinar a imagem de Dilma e desconstruir a imagem de Serra. "Todas as iniciativas na internet favoráveis ao PT, à Dilma ou ao governo são realmente espontâneas."A importância da internet no processo eleitoral é destacada por Leonardo Bortoletto, diretor comercial da Web Consult e especialista em marketing digital e desenvolvimento. "Não dá para pensar hoje em uma campanha política sem o uso da internet." Ele cita que é muito bom o PSDB estar sintonizado com o mundo virtual para essas eleições porque, em comparação com o PT, os tucanos estão um pouco atrasado. "Nas próximas eleições, a internet deve ser vista como um canal que também poderá gerar votos." ClassesUm dos temores da classe política em investir nessa ferramenta é a crença de que a rede ainda é dominada pela elite (classes A e B). No entanto, Bortoletto cita dados da consultoria e-bit que desmontam essa teoria. "Os números mais recentes do e-bit mostram que 51% das vendas de comércio eletrônico registradas no Brasil são feitas atualmente pelas classes C, D e E. E, em termos de navegação, o índice é ainda maior." Como a internet será uma ferramenta poderosa nas eleições, o especialista defende que as regras para a campanha na rede não sejam restritivas. "É preciso regulação, mas se proibirmos a manifestação do eleitor na web será um retrocesso sem limites." Na avaliação de Moriael Paiva, diretor de criação da Talk Interactive e especialista em marketing político digital - ele coordenou a área digital da campanha vitoriosa do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) nas eleições do ano passado -, o político que não se preparar para se basear nesse meio vai sair atrás numa campanha. Apesar disso, ele diz que a internet no Brasil ainda não terá um peso decisivo num pleito, como ocorreu na eleição do presidente norte-americano, Barack Obama. "Mas terá um papel importantíssimo." No seu entender, para ter sucesso, uma campanha precisa integrar e dar coerência a todos os seus canais de comunicação. Paiva já coordenou também a área digital da campanha presidencial de Serra em 2002.

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