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PSDB já discute expulsão de Arruda

Por Agencia Estado
Atualização:

Preocupado em preservar a própria imagem, o PSDB já discute a possibilidade de expulsar dos seus quadros o senador José Roberto Arruda (DF), envolvido no escândalo da violação do sigilo de votações do Senado. O presidente nacional do partido, o senador Teotônio Vilela Filho (AL), passou esta sexta-feira administrando uma pressão que partiu não apenas da militância, mas também, de parlamentares e dirigentes do tucanato. ?O PSDB nunca teve essa mácula, foi atingido em cheio?, justificou um dirigente tucano. ?É preciso dar uma satisfação à sociedade?. ?Eu ficarei surpreso se não houver um pedido formal de expulsão em dois ou três dias?, avisou outro membro da cúpula do partido. ?É um movimento irrefreável?, frisou. Segundo essa fonte, a militância tucana não será condescendente ao julgar a atuação de Arruda. ?A base tem uma preocupação com ética muito forte, e ele cometeu um erro gravíssimo?, justificou. A recente avalanche de denúncias de irregularidade em órgãos do governo federal e a troca de acusações entre dois dos principais cardeais governistas ? o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA) e o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) ? é o pano de fundo dos esforços que o PSDB decidiu fazer para resgatar aquilo que considera dois dos seus principais atributos: a imagem ética e moralidade no trato da coisa pública. Essa é a mensagem que o partido tem enfatizado em toda a sua comunicação institucional ? principalmente nos programas exibidos no horário eleitoral ? e nos discursos feitos por suas lideranças no Congresso. O envolvimento de Arruda no escândalo, dizem políticos tucanos, compromete este esforço e exige uma reação à altura do deslize. ?Está se criando uma situação em que é necessário fazer alguma coisa?, disse um membro da cúpula do tucanato. ?Isso pesa muito para o partido, é a primeira vez que alguém, ainda mais com essa estatura, é apanhado em erro tão grave?, endossou outro dirigente. Não há mais dúvidas entre as principais lideranças do PSDB de que Arruda participou efetivamente da operação que violou o sigilo da votação em que foi cassado o mandato de Luís Estevão (PMDB-DF) e que isso prejudica a legenda. Essa avaliação foi fortalecida pelo depoimento da ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres Borges ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, na última quinta-feira, e pelas brechas identificadas na defesa prévia feita pelo senador. ?O depoimento foi devastador, muito convicente e com uma lógica muito forte?, analisou um dirigente do PSDB. Enquanto setores do partido defendem sua expulsão, outras alas do tucanato tentam traçar uma estratégia para reverter, ao menos em parte, a situação. Arruda tem sido orientado a assumir publicamente sua participação no episódio e a desculpar-se pelo erro. Setores do partido, entretanto, vão além: ?Ele só tem uma saída: assumir que errou e renunciar ao mandato?, avisou nesta sexta-feira um interlocutor do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na avaliação desse interlocutor, a violação do sigilo de uma votação do Senado não compromete apenas a imagem do Legislativo, mas abre espaço para especulações mais graves. ?Esse escândalo atinge a coisa mais forte da democracia, que é o sigilo do voto?, argumentou. ?E isso é gravíssimo?, frisou. ?Se eu cometesse um escorregão como este, assumiria meu erro e deixaria a vida pública para sempre.? Abatido pelo agravamento de sua situação, José Roberto Arruda está completamente isolado entre seus correligionários. Embora tenha expressão nacional por ter sido líder do governo, o senador não conta com a admiração e o apreço unânime de seus pares no PSDB. Nesses últimos dias, apenas dois políticos tucanos têm-lhe oferecido apoio ? o líder do governo no Congresso, Arthur Virgílio Neto (AM), seu amigo pessoal, e o líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE). Ele passou a sexta-feira confinado na casa de um amigo, estudando o depoimento da ex-diretora do Prodasen e preparando sua defesa. A cúpula do tucanato evita falar em público sobre o assunto, mas não esconde sua preocupação com o agravamento do caso. Para muitos políticos tucanos, Arruda não terá como defender-se após a depoimento de Regina Borges e ainda conta com outro fator imponderável: Antonio Carlos Magalhães. ?O ACM é o seu segundo problema e vai usá-lo como escudo para safar-se?, apostou nesta sexta-feira um dirigente do PSDB. Por este raciocínio, mesmo que seja comprovado o telefonema feito pelo senador baiano à ex-diretora do Prodasen, não há como questionar a sua versão para a conversa. ?Ele pode dizer o que quiser, pois ninguém presenciou ou ouviu a conversa?, diz um político aliado.

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