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PSDB fala em retaliar com CPI da Petrobrás

Presidente do Senado diz que não barra as investigações propostas

Por Eugênia Lopes
Atualização:

Irritados com o vazamento apenas de nomes de parlamentares da oposição que receberam doações da empreiteira Camargo Corrêa na eleição municipal do ano passado, senadores do PSDB ameaçaram ontem criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar obras da Petrobrás, em especial a da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. Investigações da própria Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal, e auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) detectaram indícios de superfaturamento nas obras da refinaria. Na avaliação de líderes de oposição, a operação da PF teve um "viés político", ao deixar de lado as supostas irregularidades na obra. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tem dito em conversas com os líderes que não vai barrar a instalação de CPIs e vai respeitar a fila, isto é, a ordem cronológica dos requerimentos. Em havendo condições legais - assinaturas necessárias e indicação dos membros -, Sarney cumpre o ritual da instalação. O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM), e o senador Marconi Perillo (PSDB-GO) defenderam abertamente a instalação da CPI da Petrobrás. "É lá, nas obras da Petrobrás, que estão os podres", disse Perillo. Já existe na Mesa do Senado um pedido de investigação parlamentar da Petrobrás feito pelo senador Romeu Tuma (PTB-SP). Mas os tucanos também já começaram a recolher assinaturas para a criação da CPI do DNIT ( Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) - até o início da noite de ontem tinham conseguido 25 assinaturas. No Senado, não há limite para o funcionamento simultâneo de CPIs. Cauteloso, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), observou que é preciso analisar com calma o pedido de CPI da Petrobrás. "Não tem nada acertado em relação a isso", disse o senador. A criação de uma comissão de inquérito para investigar a Petrobrás não é consensual nem mesmo dentro do PSDB. Parte dos tucanos é contra a sua instalação sob a alegação de que são necessários fatos mais concretos e palpáveis de irregularidades nas obras. Para apaziguar os ânimos, os líderes aliados foram unânimes em concordar com a reclamação da oposição, de que foi errada a divulgação apenas dos nomes dos senadores José Agripino Maia (DEM-RN) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA) no rol de políticos que receberam doações da Camargo Corrêa. "É evidente que houve uma precipitação", reconheceu o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP). "O que aconteceu foi uma criminalização do legal", disse o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). Os governistas não se opuseram à proposta do PSDB e do DEM de convocação do ministro da Justiça, Tarso Genro, e do diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, para explicar a operação Castelo de Areia. "Há uma criminalização das doações legais de campanha", afirmou Arthur Virgílio. "Essa investigação não conclui nada e deixou um resíduo de suspeição", emendou o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE). "Houve um vazamento imoral para inibir e calar a oposição", reclamou a senadora Kátia Abreu (DEM-TO). "Estão manipulando a Polícia Federal. O que se deve apurar é a denúncia de superfaturamento da refinaria e o parecer do TCU", disse Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

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