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PSDB diz que Lula, como Chávez, quer se manter no poder

Com 20 páginas e 13 capítulos, documento será debatido na quarta no congresso do partido

Por Eugênia Lopes
Atualização:

Documento do PSDB, que será debatido no III Congresso do partido que começa nesta quarta-feira, ataca o atual governo e alerta sobre uma eventual tentativa de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manter-se no poder, a exemplo do que ocorre hoje na Venezuela com Hugo Chávez. Sem citar uma vez sequer o nome de Lula nem de Chávez, os tucanos argumentam no documento que a "recente sucessão de escândalos levou à desmoralização da política no Brasil".   "Ambições futuras podem vir a golpear a democracia, como ocorre em países vizinhos onde o continuísmo de pseudo-salvadores da pátria desvirtua as regras da verdadeira representação e participação popular. Estaremos atentos para não deixar que isso aconteça. Nós conjugamos democracia e PSDB no mesmo tempo. O tempo de um povo livre e que sabe o que quer. O futuro para o Brasil já chegou. Não abriremos mão dele. Não admitiremos retrocessos", alertam os tucanos. Com 20 páginas e 13 capítulos, o documento lembra que, no passado, o PSDB lutou contra o autoritarismo. "Mas não nos esqueceremos nunca da lição da história: a democracia não é um monumento de pedra, é uma construção do espírito humano. Assim como há quem ajuda a erguê-la, sempre existe quem atue para corrompê-la ou diminuí-la, em troca de pequenas vantagens ou a pretexto de grandes causas", diz o texto intitulado "Proposta de Programa PSDB- 2007". Dizendo-se parlamentaristas, os tucanos argumentam que não estão conformados com "os traços anti-democráticos que o presidencialismo assumiu nas mãos de nossos adversários: desmoralização do Congresso, desorganização dos partidos, concentração de poderes formais e informais no Executivo". "Tudo isso desilude o eleitor, semeia a instabilidade política e cria o risco da volta de pseudo-soluções autoritárias, como se observa em países vizinhos", diz o documento do PSDB. Chamado de manifesto, os tucanos lembram logo no início do documento que o "o Plano Real marcou o ponto de inflexão da degringolada econômica e política que ameaçava levar de roldão a democracia recém-conquistada". Argumentam ainda que as conquistas da economia brasileira foram feitas no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, "contra a incompreensão e intransigência dos mesmos que hoje colhem seus frutos e posam de seus donos, sem por isso deixar de amaldiçoar nossa herança com palavras e, o que é pior, dilapidá-la com atos". Sempre sem citar o PT ou Lula, o documento critica o atual governo que, na avaliação dos tucanos, "manteve juros desnecessariamente elevados e câmbio excepcionalmente apreciado, para alegria dos especuladores e sofrimento da indústria e da agricultura nacionais", além de aumentar a dívida pública em R4 240 bilhões nos últimos cinco anos. Em um dos capítulos do documento, intitulado "mais governo e mais mercado', os tucanos defendem as privatizações feitas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso. Mas adotam um tom ameno sobre o assunto: "O PSDB não é privatista nem estatista. É um partido autenticamente nacionalista e moderno, que confia na capacidade do Brasil de traçar e seguir seu próprio rumo no meio das incertezas do mundo globalizado". O texto lembra ainda que o PSDB "jamais tratou empresas públicas como se fossem privadas, isto é, como se existissem para servir ao partido". No documento, os tucanos aproveitam para afirmar que o bolsa-família, o principal programa de transferência de renda direta do governo Lula, nada mais é do que os programas bolsa-escola, bolsa-alimentação e vale-gás, criados por Fernando Henrique. O manifesto diz também que foi o "PSDB no governo que colocou todas as crianças do Brasil na escola". Nas 20 páginas, o manifesto tucano propõe ainda três modelos para a adoção do voto distrital no Brasil e condena o uso das estatais para distribuição de cargos entre aliados políticos. "A máquina do estado deve dar meios ao governo para cumprir seu programa. Não pode virar butim repartido entre os partidários do governo de turno e seus aliados a fim de se eternizarem no poder", afirma o documento.

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