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PSD coleta assinaturas em fábrica de Ibitinga

Dono de empresa, amigo de deputado aliado de Kassab, admite organizar lista do novo partido, mas nega que funcionários eram obrigados a assinar

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Por Redação
Atualização:

Funcionários de uma fábrica em Ibitinga (SP) foram convocados pelo dono da empresa a assinar a lista de apoio ao PSD, partido em fase de criação pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. A coleta começou há dois meses pelo departamento pessoal da Andreza Enxovais, que tem cerca de 2 mil empregados, e já rendeu cerca de 300 assinaturas.

 

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Um empregado, que pediu para não ser identificado, relatou ao Estado que muitos colegas assinaram a lista sem saber do que se tratava. "Eles passaram nos setores com essa folha (a ficha do PSD) perguntando quem estava com o título (de eleitor) ali na hora para assinar e quem não tivesse era para trazer depois", contou o funcionário.

 

"Na verdade, o pessoal nem sabe por que está assinando. Disseram que o dono da empresa está se filiando a um partido. Mas aí a gente ficou se perguntando: ‘O que tem a ver o homem se filiar a um partido e a gente ter que trazer o título de eleitor’. Mas ninguém explica nada."

 

Outro empregado disse que no turno da manhã "o pessoal foi obrigado a trazer o título de eleitor para assinar a folha do PSD". Segundo ele, o processo foi coordenado pelo departamento pessoal, mas foram os "encarregados" de cada setor que fizeram a convocação. "Pediram para a fábrica toda", relatou.

 

Gentileza. O dono da Andreza Enxovais, Manoel Roberto Alves Lopes, confirmou a coleta, mas negou que tenha obrigado os funcionários a assinar a lista. Segundo ele, foi uma "gentileza" ao irmão do deputado Guilherme Campos (ex-DEM), Marcelo, seu cliente em Campinas. "O que me levou (a coletar assinatura) não foi ninguém do Kassab. O irmão do Guilherme Campos, que não tem nada a ver com política, que é cliente nosso há muitos anos, pediu se tinha algum problema (ajudar o PSD). O intuito foi só, digamos assim, uma troca de gentileza, nada mais", afirmou Lopes, que disse ser filiado ao PSDB e que não sairá da sigla.

 

Campos confirmou que a empresa da sua família é cliente de Lopes e que pediu ajuda a fornecedores. Mas não acredita que o empresário tenha obrigado os funcionários a assinarem a lista.

 

Para o procurador regional eleitoral, Pedro Barbosa Pereira Neto, se houve pressão do empresário sobre os funcionários, as assinaturas podem ser consideradas inválidas. O PSD já é alvo de pedido de representação no Ministério Público Estadual por suspeita de irregularidades na coleta de assinaturas em várias regiões do País.

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