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PSB tem de decidir logo sobre candidatura para retomar campanha, dizem analistas

O PSB tem dito que não tomará nenhuma decisão até que seja concluída a identificação do corpo de Campos

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Por EDUARDO SIMÕES
Atualização:
Cartazes de campanha de Eduardo Campos Foto: Alex Silva/Estadão

Uma demora na definição de quem será o candidato da coligação liderada pelo PSB à Presidência pode atrapalhar na retomada da campanha após a trágica morte de Eduardo Campos na quarta-feira, disseram analistas nesta sexta-feira, prevendo que a escolha da ex-senadora Marina Silva para a cabeça de chapa exigirá uma negociação difícil.

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A ex-senadora só se filiou ao PSB em outubro do ano passado, após não conseguir criar seu próprio partido e chegou à legenda graças a uma negociação liderada por Campos, que vinha mediando as divergências dela com os socialistas até aqui.

"O prazo legal é de 10 dias, o prazo político não", disse o cientista político do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Carlos Melo, referindo-se ao fato de que, pela legislação eleitoral, os seis partidos que compõem a coligação tem até o dia 23 para substituir Campos.

"Se você demora muito para tomar uma decisão, você perde o tempo político. E o sinal que você passa é de indecisão", acrescentou.

No cronograma político, que pode estar sendo considerado pelas lideranças socialistas, está, além do prazo estipulado pela legislação eleitoral, o início do horário eleitoral obrigatório, marcado para terça-feira.

O PSB tem dito que não tomará nenhuma decisão até que seja concluída a identificação do corpo de Campos, morto com outras seis pessoas quando o avião em que estava caiu em Santos, no litoral paulista, e seus restos mortais sejam sepultados em Recife.

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) disse mais cedo à Reuters que a expectativa é de que o corpo de Campos seja liberado pelo Instituto Médico Legal de São Paulo na manhã de sábado e que o enterro aconteça no domingo.

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O partido deve realizar uma reunião na quarta-feira para definir sobre o futuro da coligação, e segundo o deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS, um dos partidos da coligação, o consenso que vem sendo construído aponta para Marina. [nL2N0QL286]

NEGOCIAÇÃO COMPLICADA Para os analistas ouvidos pela Reuters, entretanto, a entrada de Marina na cabeça de chapa não é uma escolha natural e as lideranças tanto do PSB, quando da Rede Sustentabilidade, partido que Marina tentou criar sem sucesso antes de se abrigar entre os socialistas, terão de gastar energia e mostrar capacidade de ceder nas conversas. "Como o processo de escolha da Marina não é natural, ele precisa ser negociado. É possível que a gente tenha alguns dias de indefinição", disse Rafael Cortez, analista político da Tendências Consultoria. "Ela é um nome que tem condição de mobilizar um eleitorado descontente com PT e PSDB, que está expresso num elevado número de brancos e nulos." Marina disse, após se filiar ao PSB, que os integrantes da Rede têm data para deixar o partido e disse que pretende se dedicar à formalização de sua legenda justo à Justiça Eleitoral. A ex-senadora também declarou publicamente seu descontentamento com algumas alianças regionais feitas pelo PSB na eleição deste ano, como a coligação com o PSDB, do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, e o apoio ao petista Lindbergh Farias no Rio de Janeiro. "Acho (que a escolha) vai depender mais da Marina do que do PSB. Vai depender da capacidade de Marina fazer concessões... Todos os políticos fazem concessões, e a Marina vai ter que aprender a fazer", disse Melo, do Insper. Na avaliação dele, o PSB depende de Marina, já que não tem um nome competitivo para disputar a Presidência e precisa de alguém com esse perfil para aumentar as chances de seus candidatos a governos estaduais e ao Legislativo. O partido, no entanto, precisa achar o equilíbrio para não se tornar refém da ex-senadora. "Não vai ser uma negociação fácil", prevê.

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