PUBLICIDADE

PSB prefere apoio de Aécio ao do PT

Direção do partido decidiu que não aceitará que petistas imponham vetos na composição da aliança

Foto do author Vera Rosa
Por Christiane Samarco e Vera Rosa
Atualização:

Entre o PT do prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, e o PSDB do governador de Minas, Aécio Neves, o PSB fica com o tucano. A Direção Nacional da legenda já decidiu bater o pé e não aceitar que o PT lhe imponha vetos na escolha dos partidos que participarão da aliança em torno da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) a prefeito da capital mineira. Além disso, o presidente do PPS, Roberto Freire, reforçou o coro e fez ontem um apelo a Aécio para que não apóie informalmente o PT na eleição em Belo Horizonte. A estratégia do PSB segue roteiro combinado com Pimentel para forçar a direção do PT a autorizar a coligação oficial com os tucanos. A cúpula petista, porém, percebeu a manobra e está furiosa com o prefeito. "Nós fizemos um acordo com Pimentel e acerto feito entre pessoas honradas não se descumpre", afirmou o secretário-geral do PT, deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP). Pelo acordo, o Diretório Nacional do PT despachou a "batata quente" para a seção municipal do partido, na sexta-feira, com a recomendação para que os colegas voltassem a discutir a política de alianças em Belo Horizonte, "afastando a possibilidade de coligação com PSDB e PPS". Para contornar a crise, porém, a cúpula petista não rotulou a censura como veto. Em conversas reservadas, dirigentes contam ter acertado com Pimentel que o PT excluiria o PSDB da parceria e seria autorizado o apoio informal. "Apoio branco é negócio para vagabundo e os vagabundos já estão com o governo", atacou Roberto Freire. "Se Aécio cair na esparrela do PT, perderá a condição de ser líder nacional e até mesmo de Belo Horizonte." O que mais irritou ontem Aécio e o PSB foi a nota assinada pelo presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), insistindo em que a direção petista não revogou o veto à aliança com o PSDB. Berzoini escreveu que o tom mais leve da resolução foi apenas um "gesto de cordialidade e gentileza" para que o Diretório Municipal pudesse se "adequar" às decisões nacionais "sem a necessidade de medidas estatutárias". Em outras palavras, de intervenção. "Essas idas e vindas do PT demonstram que o partido não tem tranqüilidade interna para deliberar", reclamou o líder do PSB no Senado, Renato Casagrande (ES). "Nosso parceiro preferencial é aquele que mais energia põe na candidatura de Lacerda." Filiado ao PSB, Lacerda é ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Aécio. O PT tem apenas o vice da chapa, que é o deputado estadual Roberto Carvalho. Embora Berzoini diga que seu partido "não tem apreço por alianças informais que não fiquem transparentes para os eleitores", a situação é vantajosa para os petistas. Motivo: pesquisas indicam que qualquer candidato terá dificuldade em se eleger prefeito sem o aval de Aécio, que está de olho na Presidência, em 2010. A cúpula do PT também rejeitou a aliança com o PPS na capital mineira, sob a alegação de que o partido não integra a base de sustentação do governo Lula. "Tudo isso representa uma demonstração de intolerância política, uma visão totalitária", protestou Freire. "O PT é da tese de que para receber apoio tudo serve, mas, para ele apoiar, ninguém merece."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.