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Proposta agrada a oficiais PMs e enfurece soldados

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Por Agencia Estado
Atualização:

A nova proposta do governo de Alagoas de reajuste salarial dos policiais militares agradou aos oficiais, que voltaram nesta sexta-feira ao trabalho, e provocou a fúria dos cabos e soldados contra seus superiores. Dividida, a Polícia Militar alagoana viu ainda a Justiça considerar ilegal a greve que já dura três dias. Cabos e soldados uniram-se aos policiais civis, recusaram as propostas de aumento do governador Ronaldo Lessa (PSB), marcharam pela cidade e decidiram acampar na frente do Palácio do Governo, na Praça dos Martírios. Nesta sexta-feira, a assembléia de policiais militares e civis reuniu cerca de 500 pessoas, metade dos presentes no primeiro encontro. Um dos motivos do público menor foi a divisão do movimento. Os grevistas consideraram o tenente-coronel Jean Paiva, presidente da Associação de Oficiais, um "traidor", por ele ter negociado reajustes considerados "ridículos". Paiva havia proposto aumento de 40% para os militares, a serem pagos até o próximo ano. Cabos e soldados do 1.º Batalhão de Polícia Militar, no bairro do Trapiche, foram impedidos de participar da passeata pelo comando da tropa. Os manifestantes entraram no batalhão para pedir a adesão do restante dos homens. Sem sucesso. "Alguns companheiros estão sendo retaliados em seus batalhões", protestou o soldado Wagner Simas, presidente da Associação de Cabos e Soldados. Mais uma vez, o carro de som que acompanhava a marcha recomendou aos comerciantes que fechassem as portas de seus estabelecimentos, aos moradores que não saíssem de suas casas e aos turistas que abandonassem Maceió. Muitos lojistas preferiram ver a marcha passar e os turistas estavam nas praias. Mesmo sem policiamento, a capital continua vivendo um clima de normalidade. O governo estadual refez nesta sexta-feira a proposta de reajuste, apresentada na véspera. Agora, os porcentuais de reajuste variam de 20,90% para soldados a 6,85% para coronéis. A oferta de 10,68% para os civis foi mantida. O tenente-coronel Paiva reconhece a divisão do movimento e não vê com bons olhos a união entre os grevistas das Polícias Civil e Militar. "A postura do Sindpol é de radicalizar o movimento. A minha solidariedade é com a PM." Desde o início da greve em Alagoas, o Sinpol está à frente das propostas de maior confronto com o governo. Filiado à Central Única dos Trabalhadores (CUT), o sindicato sugeriu a resistência às tropas do Exército, caso elas ocupem o Estado, e o envio de uma nota propondo aos governadores que deixem de pagar suas dívidas para aumentar os soldos dos policiais. A nova assembléia foi marcada para segunda-feira. "Esse é o momento mais difícil da paralisação porque virão as ameaças e as pressões do governo", afirmou o escrivão José Carlos Fernando Neto, presidente do Sindpol. Nesta sexta-feira, depois de um grupo montar barracas na Praça dos Martírios, a maioria dos policiais abandonou o local e saiu para almoçar, já que ninguém é de ferro.

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