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Prona pode ter cobrado até R$ 15 mil por vaga

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público de São Paulo investiga denúncia de que a cúpula do Partido de Reedificação da Ordem Nacional (Prona) cobrava até R$ 15 mil de pessoas interessadas em se candidatar a uma vaga na Câmara. O valor é três vezes superior ao que supostamente foi exigido de candidatos a deputado estadual pela presidente do diretório estadual do partido, vereadora Havanir Nimtz, eleita deputada com a maior votação da história do Legislativo paulista. Um policial militar, que pretendia ser candidato a deputado federal, teria sido aconselhado a pagar os R$ 15 mil, mas recuou porque não dispunha de recursos suficientes para cobrir a solicitação. O nome do policial está sendo mantido em sigilo porque ele ainda não fez um depoimento formal. Ele deverá ser intimado na próxima semana, com três pessoas que já contaram como operava o esquema e o preço cobrado no âmbito estadual. Havanir não respondeu aos telefonemas da reportagem para falar sobre a cobrança. O líder do Prona, Enéas Carneiro, eleito deputado federal com 1,57 milhão de votos, não foi localizado. Os promotores que apuram o caso também estão dispostos a ouvir um advogado que acompanhou o comerciante Jorge Roberto Leite em uma reunião com Havanir na sede do diretório, na Avenida Brigadeiro Luiz Antonio. O advogado, amigo de Leite, é considerado importante testemunha da exigência feita ao comerciante. Duas conversas com a vereadora foram gravadas. Leite, dono de uma pequena oficina de lápides em Santos, usou um microgravador. As gravações têm cerca de 35 minutos. Havanir não nega a solicitação do dinheiro. Enéas informou que os candidatos "apenas recebiam sugestão de colaboração". Em troca do dinheiro, levavam "cartilhas de doutrinação", material produzido por ele próprio. "Essa história das cartilhas não é verdade", rebate o motorista Francisco Farias Leite, de 37 anos, irmão do comerciante. "Em nenhum momento a Havanir ofereceu cartilhas. Segundo Francisco, a pronista chegou a mencionar nas conversas gravadas que a cota para deputado federal "já estava fechada". Ao cobrar R$ 5 mil de Leite, Havanir repetiu duas vezes: "O partido tem regras, o partido tem contas para pagar, telefone, contador, secretária". Com faturamento mensal livre de R$ 1 mil, Leite tentou reduzir a quantia, mas a deputada eleita foi categórica. "Olha Jorge, são R$ 5 mil, você não sabe o que são quatro anos de poder." O comerciante insistiu, sugerindo um acordo. "Jorge, veio aqui um ambulante, um vendedor de coxinhas, e me trouxe R$ 3 mil, tudo em nota de R$ 10", rebateu Havanir. Leite não pagou nada. Francisco Leite desmentiu declaração de Enéas, que acusa seu irmão de ter pedido cargos no partido depois da eleição - Jorge Leite teve 776 votos e não se elegeu. "Isso é uma calúnia, eles vão ter que provar", reagiu o motorista. O Ministério Público já levantou a prestação de contas de Havanir ao Tribunal Regional Eleitoral. O documento não aponta nome de nenhum candidato do partido como fonte de receita. Ela informou ter arrecadado R$ 74 mil, assim divididos: R$ 73,2 mil de "recursos próprios". Havanir declarou ter feito 12 doações para ela mesma, as 2 maiores no valor de R$ 9 mil em cheque. Os outros R$ 800 foram doados por "pessoa jurídica" - 2 depósitos de R$ 400 cada, realizados pela Organização Diademense Assistência Odontológica S/C Ltda.

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