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Promotoria não vê crime político em morte de Toninho do PT

Promotores pediram que seqüestrador seja levado a júri popular. Andinho está preso e será julgado por homicídio doloso qualificado. Pena prevista é de 12 a 30 anos

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Ministério Público Estadual em Campinas enviou nesta quarta-feira ao juiz da Vara do Júri e diretor do Fórum, José Henrique Rodrigues Torres, as alegações finais do processo que investiga a morte do prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, assassinado em setembro de 2001. A Promotoria pediu que o seqüestrador Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, seja levado a júri popular. O suspeito está no presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, a 589 quilômetros de São Paulo. As alegações da promotoria não apontam a motivação do crime, classificado como homicídio doloso qualificado (impossibilidade de defesa da vítima). A pena prevista em caso de condenação é de 12 a 30 anos de prisão. Segundo informaram os promotores Ricardo Silvares e Fernando Vianna, pelo menos dez hipóteses chegaram à Promotoria e nenhuma delas apresentou elementos suficientes para indicação de um crime político, tese na qual acredita a família de Toninho. A Promotoria aponta Andinho como co-autor do crime. A autoria seria, segundo os promotores, de Anderson José Bastos, conhecido como Anso, suposto autor dos três disparos contra o carro do prefeito, morto na saída de um shopping da cidade por volta das 22h15 de 10 de setembro de 2001. Anso morreu em outubro de 2001, um mês após o assassinato do prefeito, em confronto com policiais. A Promotoria disse não ter elementos para associar as duas ocorrências. A Polícia Civil de São Paulo classificou o crime como "comum" e atribuiu à quadrilha de Andinho a morte de Toninho do PT. Para a corporação, o carro do prefeito teria atrapalhado uma fuga de Andinho, Anso, Valmir Conti (Valmirzinho) e Valdecir de Souza Moura (Fiínho). Assim como Anso, Valmirzinho morreu durante troca de tiros com a polícia em Caraguatatuba, litoral norte de São Paulo, em outubro de 2001. Fiínho também foi morto em confronto com policiais, em fevereiro de 2002. Nesta quarta, a viúva de Toninho, a psicóloga Roseana Garcia, disse se sentir injustiçada. "Não sou contrária a levar Andinho a júri, mas acho que é chutar cachorro morto. De quatro acusados, três estão mortos e Andinho está preso, qual é a diferença? O que eu quero é saber a motivação do crime. Quero saber por que não se associou em nenhum momento o caso Caraguá à morte de Antonio, depois de tantas coincidências", afirmou Roseana. "Não se fez ligação nenhuma, não se investigou essas outras possibilidades. Fico triste, porque Antonio acreditava no Ministério Público." Para os promotores, impedir o julgamento de Andinho será "enterrar o caso". O juiz da Vara do Júri, José Henrique Rodrigues Torres, evitou comentar especificidades do processo. Informou apenas que as alegações finais da Promotoria serão encaminhadas à assistência da acusação e à defesa. Ambas terão prazo de cinco dias para analisar as alegações do Ministério Público. O juiz poderá, ao receber as manifestações de ambas as partes, dar a sentença ou pedir novas provas testemunhais, documentais ou periciais. Nesse caso, as partes terão de analisar os novos elementos. Caso Torres opte pela sentença, ele poderá absolver Andinho sumariamente, desclassificar o crime (dizer que não se trata de um crime contra a vida), impronunciar o réu (dizer que não há elementos para levar Andinho a júri) ou pronunciá-lo (levá-lo a júri popular). A expectativa da Promotoria é que a sentença só saia no início de 2007.

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