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Promotores continuam a investigar morte de Celso Daniel

Ministério Público, que acredita em motivação política, quer histórico de 33 linhas

Por Agencia Estado
Atualização:

Indignados, os promotores de Justiça que apuram o caso Celso Daniel - prefeito do PT de Santo André executado a bala em janeiro de 2002 - decidiram seguir adiante. Independentemente da conclusão da polícia, que não vê crime político no assassinato a tiros do prefeito, já estão tomando depoimento de testemunhas que, acreditam, poderão levar à identificação de outros mandantes e executores. Os promotores acusam a delegada Elizabete Sato, do 78º Distrito Policial, de fechar o inquérito sem ter cumprido mais da metade da pauta de investigação. A Justiça determinou às operadoras de celulares e companhias telefônicas que preservem os dados relativos a 33 linhas, 5 fixas e 28 móveis, sob investigação no caso. A ordem foi dada pelo juiz Luis Fernando Migliori Prestes, do Fórum de Itapecerica da Serra, que preside a ação penal contra os acusados de terem seqüestrado e assassinado Celso Daniel. O juiz acolheu argumentação do Ministério Público Estadual sobre a importância de acessar o histórico de chamadas daqueles números para tentar chegar à identificação de outros supostos envolvidos no crime. Os promotores que investigam o caso tomaram a iniciativa com base em documento subscrito por um investigador do 78º Distrito Policial, Marcos Badan, que alertou para o fato de que o sistema de telefonia mantém em arquivo essa informação por cinco anos no máximo. Segundo os promotores, a delegada Elizabete Sato ignorou a recomendação do investigador. Os promotores também a acusam de ter aberto no inquérito policial a qualificação de testemunhas legalmente sob proteção. Eles alegam que Elizabete cedeu cópia do inquérito a um empresário apontado como integrante do esquema de propinas da administração Celso Daniel. A delegada está em férias e não respondeu às chamadas feitas pela reportagem para o seu celular. Investigação sem fim O advogado Roberto Podval, defensor do empresário Sérgio Gomes - apontado pelo Ministério Público como mandante do assassinato do prefeito - declarou que vai pedir nesta sexta-feira ao procurador-geral de Justiça, Rodrigo Pinho, que afaste da investigação os promotores de Santo André. Podval, criminalista, disse que respeita os promotores, mas sustenta que eles ´perderam a isenção´. Para o advogado do empresário, os promotores são movidos por ´um ranço investigativo´ que se arrasta há quase cinco anos. ´Não temo e nem o Sérgio teme a investigação. Não é possível no Estado democrático admitir que uma apuração se prolongue indefinidamente.´ Roberto Wider e Amaro Thomé são os promotores que esmiúçam o caso. Eles integram a unidade de elite do Ministério Público que combate o crime organizado. Wider e Amaro estão convencidos de que Celso Daniel foi eliminado porque havia decidido dar um fim à rede de propinas na administração municipal. Eles sustentam que Sérgio Gomes foi o mandante do crime. ´Sérgio é inocente´, afirma Roberto Podval. ´Não dá mais para suportar essa investigação sem fim, já houve uma da PF, duas da Polícia Civil e os promotores não aceitam. Vou ao procurador-geral pedir que cesse a designação dos promotores. Tudo tem limite, ninguém pode ser investigado pelo resto da vida. Virou questão pessoal, particular para os promotores. Seria mais correto se eles próprios pedissem para sair.´ Roberto Wider destacou que a defesa já tentou afastá-lo e a seu colega Amaro Thomé pela via judicial. ´Não conseguiram na Justiça. Isso não nos intimida. No sistema democrático o acusado não pode escolher o acusador. Nosso objetivo sempre foi o de apurar a verdade´, afirmou o promotor ao Estado.

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