O Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira um projeto de lei para reduzir a influência do dinheiro nas campanhas políticas, em mais um desdobramento de uma luta de seis anos que projetou nacionalmente o senador republicano John McCain. A aprovação por 59 votos a 41 levou o projeto para votação na Câmara dos Representantes, onde se espera uma dura luta, apesar de projetos parecidos terem sido aprovados em anos recentes. Além disso, o presidente George W. Bush ainda não disse de forma definitiva se irá sancionar o projeto e, se a medida for aprovada, a análise de sua constitucionalidade por uma corte de Justiça é quase uma certeza. Ainda assim, partidários comemoraram a ação do Senado e a classificam como um sinal de que as leis de financiamento de campanha provavelmente serão alteradas pela primeira vez desde a era do Watergate, nos anos 70. "A lei nos permitirá fugir do cerco do dinheiro obsceno", disse o senador Paul Wellstone. "No início deste debate, pedi a meus colegas que assumissem o risco pelos Estados Unidos da América", disse McCain, momentos antes da convocação para a votação no Senado. "Em poucos minutos, acredito que estaremos fazendo isto. Irei para meu túmulo profundamente grato pela honra de ter participado disto." Nem todos ficaram satisfeitos com o resultado. "Este projeto certamente é inconstitucional", disse o senador Mitch McConnell, que lutou com todas as suas forças contra um projeto ao qual ele se opõe alegando a violação do direito de livre expressão. Além disso, diz ele, "a teoria sublinhada é a de que há muito dinheiro na política, apesar de os números mostrarem que no ano passado os norte-americanos gastaram mais com batatinhas fritas do que com política". O projeto tem como objetivo principal proibir doações milionárias de corporações, sindicatos e indivíduos aos partidos políticos. Juntos, republicanos e democratas obtiveram quase US$ 500 milhões em financimantos desse tipo nos últimos dois anos. Tais doações, que hoje são ilimitadas, são consideradas separadamente das doações limitadas feitas pelos cidadãos comuns aos seus candidatos.