Programa do PT bate na oposição e enterra qualquer chance de pacto

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Durante as últimas duas semanas, integrantes do governo federal e líderes petistas acenaram publicamente com uma tentativa de aproximação política com os partidos de oposição. O gesto tinha como objetivo a formação de uma espécie de pacto nacional em nome de uma recuperação rápida na economia. Além disso, essa união buscaria evitar uma crise institucional num momento turbulento. Em tom de campanha eleitoral, o programa partidário do PT mostrou nessa quinta-feira que o movimento era pura balela. Petistas, incluindo o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usaram o programa para bater a valer nos adversários a quem praticamente responsabilizaram pela crise atual.   Foram exibidas fotos de líderes da oposição, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), candidato derrotado pela presidente Dilma Rousseff na eleição passada, e os senadores Ronaldo Caiado (DEM-GO) e José Agripino (DEM-RN), além dos deputados Carlos Sampaio (PSDB-SP) e Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Todos foram chamados de oportunidas pelo programa e foi dito que pensavam apenas nos próprios interesses.   A questão contra a oposição foi ainda reforçada no programa petista na fala de Lula, que disse que a pior crise de qualquer governo petista ainda é melhor do que a dos governos adversários. Embora o Instituto Lula tenha negado a aproximação de Lula com a oposição, intermediários do ex-presidente teriam procurado o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para justamente iniciar uma rodada de conversas sobre a crise. Se os assessores de Lula procuraram desmentir o movimento, ministros como Jaques Wagner, da Defesa, e Edinho Silva, da Secretaria de Comunicação, afirmaram publicamente que as conversas com a oposição seriam bem vindas.   Além disso, em depoimento na Câmara dos Deputados, na quarta-feira, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também elogiou a oposição, num aceno político para os adversários. Depois da exibição do programa petista, governo e oposição fincam seus pés definitivamente em campos opostos. 

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