Programa Brasil Carinhoso nasce com déficit de creches

Embora Dilma tenha frisado que a construção de creches é prioridade, nenhuma das 6427 creches prometidas em campanha saiu do papel

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Apesar de a presidente Dilma Rousseff assegurar na cerimônia de lançamento do programa Brasil Carinhoso que a construção de creches no País é "prioridade" do seu governo, nenhuma das 6427 creches que ela prometeu durante sua campanha entrou em funcionamento até agora. Segundo dados apresentados pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, existem hoje em funcionamento no País apenas 347 creches, todas do período pré Programa de Aceleração ao Crescimento (PAC), ou seja, foram construídas até o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Principal aposta do PT nas eleições de 2012, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad deixou o ministério para se candidatar à Prefeitura de São Paulo sem entregar nenhuma das creches prometidas pela presidente.

PUBLICIDADE

Em entrevista, o ministro da Educação informou que 1507 creches estão sendo construídas e na cerimônia desta segunda-feira, 14, outras 1512 foram contratadas. Aloizio Mercadante justificou a demora na entrega das obras alegando que os prefeitos levam de um ano e meio a dois anos para conseguir construir uma creche, atrasando o cronograma. "Mas, neste momento estamos até com um número maior do que o previsto", tentou comemorar o ministro, ao citar número de contratações. Segundo o ministro, o governo está buscando uma forma de acelerar estas construções porque "não existe restrição orçamentária" para este programa.

Na solenidade, a presidente Dilma Rousseff anunciou que toda a família que tenha pelo menos uma criança de zero a seis anos vai receber uma renda mensal, por pessoa da família, de no mínimo R$ 70. Como será uma renda complementar, se a família já for beneficiada pelo Bolsa Família, ela receberá apenas a diferença, de forma que se chegue a este mínimo per capta de R$ 70. Dois milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza serão beneficiadas pelo programa. Os recursos serão pagos por meio do Bolsa Família. O custo do programa, segundo a ministra do Desenvolvimento Social, Teresa Campelo, será de R$ 2 bilhões. Para os dois próximos anos, segundo Mercadante, serão gastos R$ 8 bilhões, sendo R$ 4 bilhões em cada ano, totalizando R$ 10 bilhões até 2014. De acordo com Teresa Campelo, com apenas uma medida, será possível reduzir em 40% a pobreza extrema do país.

Em seu discurso, a presidente Dilma prometeu eliminar até o final do seu governo a pobreza extrema no Brasil e disse que o País precisa ter compromisso não só com crescimento do seu PIB, mas também com o crescimento do nível de vida da população, com oferta de oportunidades iguais para todos os brasileiros. "Nós temos de ter muito orgulho de termos esse foco social", disse a presidente acrescentando que "o governo encontrou formas de conduzir com muita clareza e muita justeza, esse caminho de desenvolvimento social, uma ampla e inquestionável justiça social". Para a presidente, é preciso ter "modéstia" de saber que está em "um terço deste caminho" de atendimento às famílias. "Ainda falta muito a fazer", prosseguiu ela, acentuando que o Brasil "não vai se conformar com uma situação que era característica do passado: a existência de dois `brasis"". Ela completou dizendo que "este é um governo que não tem medo de enfrentar" os problemas do País.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.