PUBLICIDADE

Prodi visita o Brasil dizendo que Berlusconi abandonou Itália

Quando assumiu em maio de 2006, premiê prometeu mais atenção para a AL

Por Agencia Estado
Atualização:

O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, começa nesta segunda-feira, 26, uma viagem oficial de dois dias ao Brasil, a primeira de um chefe de governo da Itália nesta década. Acompanhado por uma delegação de altos executivos de grandes empresas que atuam em setores estratégicos da economia italiana, Prodi pretende estreitar relações políticas e econômicas entre os dois países, depois dos longos anos de abandono durante todo o período do governo de centro-direita de Silvio Berlusconi. O assunto espinhoso a ser discutido durante a visita é a possibilidade de o Brasil extraditar o esquerdista Cesare Batisti, condenado à prisão perpétua na Itália por homicídio e detido dia 18 no Rio de Janeiro. Ex-militante do grupo de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), que nos anos 70 fazia oposição aos governos de direita italianos, Batisti estava escondido no Brasil desde 2004. A Itália pretende formalizar nos próximos dias o pedido de extradição. Já os advogados de Batisti pretendem conseguir asilo político para ele. ´Grande interlocutor´ Quando assumiu o poder, em maio de 2006, o premiê da Itália deixou claro o interesse em olhar com mais atenção para a América Latina. Desde então, o número de visitas de membros oficiais do governo ao Brasil aumentou consideravelmente. O ministro das Relações Exteriores Massimo D?Alema e o presidente da Câmara dos Deputados, Fausto Bertinotti, estão entre os expoentes do governo de centro-esquerda italiano que estiveram no país recentemente. ?O Brasil é um grande interlocutor político?, disse o chanceler ao destacar a importância estratégica do país na política internacional durante a Mesa do Brasil, fórum realizado semana passada no Ministério das Relações Exteriores da Itália para dinamizar as oportunidades econômicas entre os dois países. ?No entanto, este papel de destaque não foi adequadamente considerado como tal pela política italiana durante a última legislatura?. A primeira escala da visita é em São Paulo. Prodi vai ser recebido pelo governador José Serra, faz palestra na Fundação Getúlio Vargas, reúne-se com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e na Câmara de Comércio Brasil-Itália e com representantes da comunidade italiana na sede do Circolo Italiano. Nesta terça-feira, em Brasília, manterá encontro de trabalho com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, e será homenageado com almoço no Itamaraty. Acompanhado pelo subsecretário das Relações Exteriores italiano Donato Di Santo, Prodi visitará os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e será recebido pelo ministro da Fazenda Guido Mantega. Durante a reunião com o presidente Lula, serão discutidos, entre outros temas, a cooperação econômica e comercial, especialmente nas áreas de infra-estrutura e energias renováveis, com ênfase em biocombustível, assistência às pequenas e médias empresas, acordos entre estados brasileiros e regiões italianas, integração regional na Europa e na América do Sul. ?O teor desta viagem é mais político do que comercial?, diz Adhemar Gabriel Bahadian, embaixador do Brasil na Itália. ?É uma grande demonstração da vontade de aprofundar a relação entre os dois países?. A comitiva do governo italiano também deverá analisar alternativas para instalar bancos italianos na América do Sul, cuja ausência é considerada um ?desgosto? para Prodi. No encontro de terça-feira, Lula e Prodi terão a oportunidade de tentar reverter alguns indicadores da relação comercial Brasil-Itália. Atualmente, o país perde para França e Alemanha entre os principais parceiros europeus do Brasil. Conforme números do governo italiano, as exportações da Itália ao Brasil registraram um crescimento de 9,8% em 2006 em relação ao ano anterior, totalizando 2,2 bilhões de euros. No mesmo período, as importações aumentaram 19,7%, 3,4 bilhões de euros. Apesar da alta, o valor das exportações italianas para o Brasil é inferior ao nível de 2001 (2,6 bilhões). Já as importações seguem crescendo desde 2003. No último ano, na balança comercial com o Brasil, a Itália teve um saldo negativo de 1,2 bilhões de euros. O primeiro-ministro da Itália deixará o Brasil na própria terça-feira, rumo a Santiago, no Chile, onde se encontrará com a comunidade italiana do país. Na quarta-feira, Prodi se reunirá com a presidente chilena Michelle Bachelet, antes de voltar à Itália. include $_SERVER["DOCUMENT_ROOT"]."/ext/selos/bbc.inc"; ?>

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.