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Procuradoria suíça retoma investigação contra Maluf

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Por Agencia Estado
Atualização:

A procuradoria de Genebra aceitou as argumentações dos procuradores do Município de São Paulo e pediu que a Justiça da cidade suíça avalie o indiciamento do ex-prefeito Paulo Maluf por lavagem de dinheiro. O caso havia sido arquivado há um mês, mas segundo fontes em Genebra, a Prefeitura de São Paulo foi "convincente" em seus argumentos para reabrir a investigação. Um desses argumentos que foi considerado pelo procurador-geral da cidade suíça, Daniel Zappelli, foi a constatação de que as movimentações bancárias de Maluf foram incrementadas no exterior durante o período em que o político ocupou o cargo de prefeito, entre 1993 e 1996. A procuradoria ainda sugere que novos documentos bancários de Maluf sejam solicitados aos bancos UBS e Citibank, que o dinheiro de seus familiares seja mantido bloqueado e chega a sugerir que o ex-prefeito seja chamado à Genebra para ser ouvido em um depoimento. O pedido feito pela procuradoria-geral ainda depende de uma resposta positiva por parte do juiz Claude Wenger, que foi quem coletou inicialmente as informações sobre Maluf e que continua com um grande número de documentos sobre o ex-prefeito em seu gabinete em Genebra. Wenger tem 30 dias para se declarar. No mês passado, a decisão da Justiça suíça de arquivar o processo contra Maluf teria sido baseada na falta de novos indícios sobre ações suspeitas cometidas no Brasil. Zappelli, porém, sempre deixou claro que qualquer novo elemento poderia ser suficiente para que o caso fosse retomado. Pelo fato de o dinheiro de Maluf não estar mais na Suíça, as autoridades de Genebra precisavam de indícios vindos do Brasil para justificar a investigação e um eventual indiciamento do ex-prefeito. Os suíços acreditavam que, com os documentos enviados ao Brasil pelo juiz Wenger, as autoridades do País formulariam uma denúncia, o que poderia dar novo rítmo às investigações em Genebra. A decisão de arquivar o processo foi contestada pela prefeitura de São Paulo, por meio de seu advogado em Genebra, Christian Grobet, que consultou documentos e extratos bancários envolvendo o ex-prefeito e que estavam guardados na cidade suíça. Grobet, juntamente com o procurador de Sao Paulo, Antônio Miguel Aith, teve acesso aos documentos por ter pedido para ser parte civil no caso contra Maluf. Ainda que o recurso tenha sido entregue no último dia do prazo, as autoridades de Genebra parecem ter concordado também com a justificativa dos brasileiros de que que os documentos enviados pelos suíços sobre as movimentações bancárias de Maluf somente chegaram ao Brasil em abril e que, portanto, o Ministério Público precisaria de mais tempo para aprofundar suas investigações. Outro argumento que pesou na decisão da procuradoria foi o fato de Maluf jamais ter declarado suas contas em Genebra, ainda que tenha sido beneficiário, e não titular das contas. Os extratos do ex-prefeito de posse das autoridades de Genebra não deixam dúvidas de que Maluf manteve contas na Suíça na década de 90 e, diante da falta de uma declaração da existência dessas contas, ficariam evidentes que haveria suspeitas de que o dinheiro poderia ser irregular. Agora, a procuradoria pede que o juiz de Genebra, Claude Wenger não apenas estude a possibilidade de indiciar Maluf, mas também solicita que o juiz obtenha novos estratos das contas de Maluf para que se descubra a origem dos recursos que passaram pelo banco UBS, de Zurique, e Citibank de Genebra. Se Wenger aceitar o pedido, essa seria a terceira vez que o juiz solicitaria os documentos aos bancos. Na primeira, o resultado da investigação serviu apenas para comprovar que as contas existiram. Na segunda oportunidade, a conclusão foi de que de fato a movimentação era suspeita. O próprio banco UBS reconheceu ao Estado que pressionou Maluf por mudar de instituição financeira diante das suspeitas. Em uma carta enviada pela procuradoria-geral de Genebra à Wenger, sugere-se ainda que Maluf seja chamado para ser ouvido em depoimento na cidade suíça. A possibilidade de que um suspeito brasileiro seja ouvido na Suíça ficou facilitado depois que os dois países assinaram um acordo de cooperação jurídica para o combate à lavagem de dinheiro. No pedido à Wenger, a procuradoria solicita ainda que o dinheiro dos familiares de Maluf que ainda está bloqueado na Suíça seja mantido nessa condição até o final das investigações. Segundo declarações do próprio Wenger, os filhos do ex-prefeito, Flávio Maluf e Ligia Maluf Curi, além do genro Maurilio Miguel Curi, ainda estão bloqueadas no país. A Procuradoria de Genebra não esperou a decisão da Câmara de Acusação da cidade, que foi quem recebeu o recurso das autoridades paulistas para que o caso fosse reaberto. Se dependesse ca Câmara, a estimativa era de que uma decisão sobre a reabertura poderia levar meses. Pela lei suíça, porém, Daniel Zappelli teria também o direito de pedir, por vontade própria, que o caso fosse reaberto.

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