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Procuradoria suíça congela US$ 400 mi relacionados a esquema da Petrobrás

País europeu anuncia ainda devolução de US$ 120 milhões ao País e revela ter identificado 300 contas com movimentações suspeitas

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Foto do author Beatriz Bulla
Por Beatriz Bulla , Jamil Chade , correspondente em Genebra , Talilta Fernandes e de Brasília
Atualização:

Atualizado às 17h06

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A Suíça congela US$ 400 milhões (R$ 1,3 bilhão) e identifica mais de 300 contas relacionadas com o escândalo de corrupção da Petrobras, numa das maiores iniciativas já tomadas na história do país contra dinheiro suspeito. Berna indicou que já devolveu US$ 120 milhões (R$ 390 milhões) ao Brasil e alerta que um total de mais de 30 bancos suíços foram usados por ex-executivos da Petrobrás e fornecedores para pagar e receber as propinas. 

Em entrevista coletiva realizada nesta manhã na sede na Procuradoria-Geral da República, em Brasília, o procurador-geral da Suíça Michel Lauber disse que o MP suíço está analisando cerca de mil transações bancárias que têm relação com bancos suíços para verificar se elas estão ligadas a desvios de recursos da Petrobrás. Esse acompanhamento envolve bancos suíços e de outros países, num total de 30 instituições financeiras. O procurador disse ainda que está trabalhando em relatórios que possam ajudar a levantar depósitos que tenham origem ilícita. "Não toleramos o uso indevido do sistema bancário suíço para uso de corrupçãoe lavagem de dinheiro", disse Lauber.

O MP suíço também anunciou que abriu nove investigações penais por lavagem de dinheiro em relação à estatal brasileira. A meta é a descobrir a origem dos recursos bloqueados e as empresas que pagaram a propina. Entre as suspeitas está a Odebrecht, segundo os procuradores. 

Processos contra oito cidadãos brasileirosforam abertos, assim como contra uma nona pessoa ainda não identificada. Os nomes não foram revelados ontem. Mas o MP garantiu ao Estado que o foco neste momento são "pessoas físicas", e não empresas. 

Entrevista Coletiva com o Procurador-Geral da Suíça, Michael Lauber e Rodrigo Janot, Procurador-Geral da República no Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Devolução. A repatriação é a maior realizada pelo Brasil e ocorre depois que o MP suíço abriu ao todo nove investigações em relação à estatal. "A devolução de mais de US$ 120 milhões reflete a intenção clara da Suíça em tomar uma posição contra o uso indevido do centro financeiro para metas criminais e devolver o dinheiro do crime a seus proprietários de direito", indicou um comunicado divulgado mais cedo pelo MP em Berna. 

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Já se sabe que, entre o dinheiro bloqueado, estão as contas do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, além do ex-gerente Pedro Barusco, com US$ 67 milhões.

Ambos firmaram acordo de delação com o Ministério Público Federal e concordaram em devolver o dinheiro bloqueado no país. 

Parte do congelamento de dinheiro ocorreu antes mesmo que a Operação Lava Jato fosse deflagrada no Brasil, há um ano, e estava relacionada a alertas emitidos pela Justiça da Holanda, que investigava pagamentos de suborno pela empresa SBM e a funcionários da estatal brasileira. 

Parte dos fundos em cerca de dez bancos foram congelados ainda em março de 2014, inclusive de contas de Barusco. 

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Na coletiva em Brasília, Lauber evitou responder a questionamentos sobre quantas pessoas estão sendo investigadas no caso e sobre o envolvimento de fornecedores da estatal alegando que informações como essa estão sob sigilo. "Quando temos 9 investigações internas na Suíça isso contempla mais do que nove indivíduos, contempla também empresas bancárias, investigações inclusive contra bancos suíços e também o fato de que colaboramos com uma assistência legal mútua com nossos colegas brasileiros", resumiu, sobre as perguntas.

Swissleaks. Lauber comentou brevemente o caso conhecido como escândalo Swissleaks, em que um ex-funcionário do HSBC vazou para autoridades e jornais de todo o mundo uma lista de pessoas com dinheiro depositado em contas do banco na Suíça. "Entendo que talvez seja um pouco irritante que esses dados do HSBC estejam espalhados pelo mundo e podem dar a impressão de que não lutamos contra esse tipo de caso", disse o Lauber. O procurador-geral Suíço apontou que há "autoridades competentes" no governo suíço lidando com essa questão e que as leis bancárias do País devem ser seguidas. 
Janot. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acompanhou a entrevista de Lauber ao lado do secretário de Cooperação Internacional da Procuradoria-Geral da República, Vladimir Aras. Janot destacou a cooperação entre o Ministério Público brasileiro e sua contraparte na Suíça. "Cada dia que passa essa cooperação técnica entre Ministérios Públicos se aprimora", disse Janot, que reafirmou o "interesse institucional nessa cooperação." Na terça, Janot e Lauber já se encontraram em mesa redonda que contou ainda com a participação de outros representantes do Ministério Público suíço, além dos procuradores que atuam na força-tarefa da Operação Lava Jato, que atua junto à Justiça do Paraná, e de integrante do grupo de trabalho da PGR que atua nos casos de autoridades envolvidas no esquema de corrupção na Petrobrás.
Janot destacou nesta manhã a "excelência da cooperação técnica que o Ministério Público suíço faz com o MP brasileiro" e apontou que o trabalho é "técnico, profissional e dedicado" por parte dos suíços no auxílio das investigações brasileiras. Apenas o procurador suíço respondeu perguntas da imprensa. 

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