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Procuradoria denuncia deputado José Mentor na Lava Jato

Deputado do PT é acusado de receber propina de R$ 380 mil para viabilizar contratação de empresa pela Caixa Econômica Federal

Por Breno Pires e Rafael Moraes Moura
Atualização:

BRASÍLIA - A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou nesta segunda-feira, 8, uma denúncia contra o deputado federal José Mentor (PT-SP), pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, acusando-o de ter recebido propina no valor de R$ 380 mil por integrar um esquema criminoso para viabilizar a contratação da IT7 Sistemas pela Caixa Econômica Federal.

O deputado Jose Mentor (PT-SP), que foi relator da CPI do Banestado Foto: Ed Ferreira/Agência Estado

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O inquérito foi aberto em março de 2015, com base na delação do doleiro Alberto Youssef, na primeira "lista de Janot", como ficou conhecida a série de investigações solicitadas pela PGR naquele mês. No esquema em que Mentor teria participado, os outros envolvidos já foram denunciados pelo Ministério Público Federal no Paraná por não terem foro por prerrogativa de função.

O doleiro afirmou que entregou pessoalmente a Mentor R$ 380 mil no início do ano de 2014, no escritório de advocacia que ele mantém com associados em São Paulo. Os recursos teriam sido originários de operações fictícias que tornaram disponíveis valores em espécie, com ocultação de sua origem.

Segundo a PGR, o ex-deputado Federal André Vargas teria influenciado a contratação da empresa IT7 Sistemas para fornecimento e manutenção de software no valor de R$ 71 milhões por um período de 24 meses, a partir de licitação realizada pela Caixa Econômica Federal no início de novembro de 2013. Youssef afirmou ter sido procurado em dezembro de 2013 por Leon Vargas, após sugestão de seu irmão, André Vargas, em busca de dinheiro em espécie.

De acordo com a denúncia, Youssef pediu a Meire Poza, sua contadora, que providenciasse os recursos mediante a emissão de notas fiscais em favor da IT7 que, por seu turno, faria os depósitos ou as transferências de valores, os quais seriam sacados para posterior entrega em espécie. As notas foram geradas para prestar serviços fictícios de consultoria. A PGR diz ter provas de que, depois do primeiro crédito na conta da IT7 efetuado pela Caixa, a IT7 fez três transferências para empresas registradas em nome de Meire.

"A contratação da IT7 não atendeu aos padrões legais previstos, tendo o contrato sido celebrado com quantidades de valores além do necessário, de modo a viabilizar o ganho por parte da contratada e o consequente repasse de vantagem indevida a André Vargas e ao seu aliado José Mentor", afirma Rodrigo Janot.

A PGR diz, ainda, que André confirmou sua relação de amizade com Mentor. Janot afirma que essa vinculação ficou clara quando Mentor tomou medidas no curso do processo de cassação de André objetivando beneficiar o ex-colega de partido.

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A denúncia relaciona extratos e documentos bancários, troca de mensagens entre os envolvidos, registro de ligações telefônicas, notas fiscais e várias outros elementos de prova.

Além da condenação do deputado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, a denúncia pede a perda da função pública do deputado, que é detentor de mandato eletivo. O PGR também quer a reparação dos danos materiais no valor de R$ 380 mil, a ser destinado à Caixa Econômica Federal, e dos danos morais no valor de R$ 380 mil. 

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