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Procurador recomenda prorrogação do inquérito dossiê

Mário Lúcio Avelar sugere mais empenho da PF para que seja identificado o mandante da operação e apurada a origem do R$ 1,75 milhão

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Por Agencia Estado
Atualização:

O procurador da República Mário Lúcio Avelar mandou nesta sexta-feira à Justiça Federal parecer favorável à prorrogação do inquérito que apura os responsáveis pelo dossiê Vedoin, encomendado por dirigentes do PT nacional e de São Paulo para prejudicar candidaturas tucanas na última eleição. Avelar sugere mais empenho da PF para que seja identificado o mandante da operação e apurada a origem do R$ 1,75 milhão, apreendido em poder de Gedimar Passos e Valdebran Padilha em um hotel de São Paulo, em 15 de setembro. A PF já tem elementos para indiciar pelo menos seis dirigentes petistas, chamados de "aloprados" pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tramaram a compra e divulgação do dossiê. O indiciamento ocorrerá na próxima etapa do inquérito, que começa tão logo a Justiça devolva os autos, talvez nesta segunda-feira. Segundo a PF, as investigações realizadas nos últimos dois meses são suficientes para indiciar os envolvidos pelo critério de convencimento. A materialidade do crime está fartamente provada com a apreensão do dinheiro no hotel. Tão logo a Justiça devolva o inquérito, o delegado Diógenes Curado, titular da investigação, irá a São Paulo ouvir o presidente estadual do PT, Paulo Frateschi, o tesoureiro, Antônio dos Santos, e o coordenador financeiro da campanha do senador Aloizio Mercadante ao governo paulista, José Giácomo Baccarin. Ele também fará diligências na transportadora de valores Transbank, que teria transportado parte dos reais apreendidos com a dupla petista. No relatório parcial entregue à Justiça, a PF concentra as suspeitas no PT paulista e poupa a direção nacional do partido e o Planalto. Entenda o caso O episódio do caso dossiê começou há 76 dias. Em 15 de setembro, a Polícia Federal prendeu em Cuiabá um dos donos da Planam, Luiz Antonio Vedoin, e seu tio Paulo Roberto Trevisan, que estavam negociando a venda de informações contra os candidatos tucanos José Serra (ao governo de São Paulo) e Geraldo Alckmin (à Presidência da República). Depois da prisão de Vedoin e Trevisan, a PF de Mato Grosso avisou a de São Paulo, que horas depois prendeu na capital outros dois integrantes do esquema, os petistas Valdebran Padilha e Gedimar Passos. Eles estavam com parte dos R$ 1,75 milhão que seriam usados na compra do material pelo PT. Gedimar disse à Polícia que o mandante da operação era Freud Godoy, ex-assessor especial da Presidência. Mas, relatório parcial da PF aponta Jorge Lorenzetti, ex-coordenador do setor de inteligência da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição, como mentor da ´negociação´. Durante as investigações, outras figuras próximas ao presidente aparecem no caso: Ricardo Berzoini, ex-coordenador de campanha de Lula e ex-presidente nacional do PT; Hamilton Lacerda, ex-assessor de Aloizio Mercadante; Expedito Veloso, do Banco do Brasil; Oswaldo Bargas, ex-Ministério do Trabalho. O chamado dossiê Vedoin continha um CD, fotos e alguns documentos envolvendo os dois tucanos na máfia das ambulâncias - esquema liderado pela Planam, que vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras de todo o Brasil. As irregularidades deste caso foram descobertas meses antes pela PF e chegaram a movimentar R$ 110 milhões. Origem do dinheiro No final de outubro, a agência de câmbio Vicatur, de Foz do Iguaçu, na Baixada Fluminense, montou um "laranjal" com pessoas de famílias humildes que emprestavam seus CPFs para operações ilegais. Algumas tiveram seus nomes incluídos sem sequer saberem. Os donos da empresa, Fernando Ribas e Sirlei Chaves, foram indiciados por fraude cambial e uso de documento falso. Em relação à Vicatur, a PF desconfia que possa haver duas famílias envolvidas como laranjas no esquema. Uma delas, já mapeadas, comprou o equivalente a US$ 280 mil na Vicatur. O montante adquirido pela outra família ainda está sendo levantado, mas pode ter sido superior a US$ 100 mil. A PF não sabe ainda para onde foi a parte que excedeu os US$ 248,8 mil que seriam usados para pagar o dossiê.

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