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Procurador critica fala de Lula sobre Dirceu

Ao ?NY Times?, presidente havia dito que não vê provas contra ex-ministro

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Por Felipe Recondo e BRASÍLIA
Atualização:

"Cada um acha o que quiser." Foi com essa frase que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, tratou as declarações do presidente Lula, que em entrevista ao jornal The New York Times no domingo afirmou não acreditar que existam evidências de que o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu tenha praticado os crimes de que é acusado na denúncia do procurador-geral. "A avaliação de cada um é subjetiva. Eu trabalho com dados", disse Souza, ao chegar para uma reunião do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). "O que importa é a opinião dos julgadores", completou, referindo-se aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que aceitaram abertura de processo contra Dirceu por corrupção ativa e formação de quadrilha. Em sua denúncia, o procurador apontou o ex-ministro como o chefe do esquema do mensalão. Dos 11 ministros do STF, todos concordaram que existem indícios de que Dirceu cometeu corrupção ativa. E apenas um deles - Ricardo Lewandowski - considerou não haver evidências suficientes para a denúncia de formação de quadrilha. O ministro que relatou o inquérito do mensalão, Joaquim Barbosa, também viu indícios suficientes contra Dirceu e deu aval para a maior parte da denúncia feita por Souza. Ontem, porém, Barbosa não quis comentar as afirmações de Lula. "Não vi nada. E se tivesse visto, não diria nada", esquivou-se. O STF abriu processo penal contra os 40 acusados de participar do mensalão, incluindo os ex-ministros Luiz Gushiken e Anderson Adauto, os ex-dirigentes do PT Delúbio Soares e Silvio Pereira e o empresário Marcos Valério. No processo todos os réus serão interrogados e poderão arrolar testemunhas. Depois as partes serão chamadas a produzir provas: a defesa de cada um dos 40 acusados tentará mostrar sua inocência, enquanto a procuradoria terá de apresentar dados que confirmem a prática de crimes. Nisso Antonio Fernando Souza está mais adiantado. Em suas mãos estão perícias que não ficaram prontas a tempo da denúncia, mas ajudarão, de acordo com ele, a provar a culpa de Dirceu e dos demais acusados.

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