Privatização de hidrelétricas inviabilizaria proposta do PT

Por Agencia Estado
Atualização:

A privatização das grandes empresas de geração de energia, como Furnas e Chesf, inviabilizaria uma das principais propostas em discussão no PT para o setor elétrico. Com as geradoras sob controle do Estado, seria possível constituir um fundo para fixar uma tarifa média para remunerar as empresas geradoras de energia do setor privado. O economista Guido Mantega, o principal assessor econômico do candidato Luiz Inácio Lula da Silva, explicou à Agência Estado que se as hidrelétricas forem privatizadas nesta reta final do governo FHC, o partido pretende discutir, se a lei permitir?, a reestatização das geradoras. Segundo ele, a privatização das geradoras implicaria aumento do custo da energia elétrica brasileira, eliminando uma das vantagens competitivas do País. ?O que garante menor taxa média futura são as empresas federais?, afirmou. O PT não teria restrição para a instalação de novas geradoras do setor privado, mas estuda novas idéias, como a do fundo para estabelecer uma tarifa média. Isso porque, segundo Mantega, o custo da energia produzida pelas geradoras estatais é muito menor do que o custo do setor privado, o que permitiria um rateio dessas receitas, administradas através de um fundo. Como esta idéia ainda está em discussão, ele negou-se a dar mais detalhes. ?Queremos estabelecer uma tarifa média que seja condizente com as possibilidade do consumidor e garanta a remuneração do setor privado?, disse. Modelo misto Até o final deste mês, o projeto para o setor elétrico do candidato Luiz Inacio Lula da Silva deverá estar pronto. Sob a coordenação do Instituto da Cidadania, um grupo de especialistas do setor elabora uma proposta de modelo energético para o Brasil e saídas para a crise de energia no curto e médio prazos. Entre os que elaboram o projeto, estão Luis Pinguelli Rosa e Maurício Tolmasquim, da Coppe-UFRJ, Ildo Sauer, do Instituto de Energia da USP, Roberto Araújo e Agenor de Oliveira, da ONG Ilumina, além da Secretaria de Energia do Rio Grande do Sul, Dilma Russef. ?O governo FHC não mudou o modelo de privatização do setor elétrico apesar da crise de energia?, disse o economista Guido Mantega, sobre o que se pode esperar desse projeto. Ele frisou, porém, que o projeto em discussão não significa a exclusão do setor privado ?nem do setor de distribuição nem do setor de geração de energia. Não há restrição para novas plantas do setor privado?, disse o economista. ?Estamos discutindo um sistema misto. Não só estatal. Não só privatizado. Ao fazer parcerias, o governo amplia a capacidade de geração?, completou. O grupo também está discutindo como enfrentar a crise de energia, mas, segundo Mantega, a recomendação do PT para o curto prazo é a mesma do governo: todos devem poupar energia.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.