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Prisão de Arruda causa discussão na cúpula do DEM

Por AE
Atualização:

"É um pecado que vamos ter de pagar. Não tem outro jeito", desabafou ontem o vice-presidente do DEM e senador Heráclito Fortes (PI), ao tomar conhecimento do pedido de prisão de José Roberto Arruda. Diante do escândalo nacional que abateu o único governador eleito pelo DEM, Heráclito ainda tentou dividir o prejuízo político com o PT. Destacou que, diferentemente de outras legendas, o DEM não pode ser acusado de omissão."Nós não fizemos como outros partidos, que, além de protegerem os acusados de corrupção, agora os reabilitam, colocando-os na direção nacional", atacou o senador, referindo-se à reintegração do ex-ministro José Dirceu ao Diretório Nacional do PT, depois do escândalo do mensalão do governo Lula. "Demos a Arruda o direito de defesa, mas exigimos sua desfiliação. Nós fizemos tudo o que devíamos neste caso", lamentou Heráclito. A cúpula do DEM soube anteontem que Arruda seria preso. Mesmo assim, resistiu à pressão de alguns de seus parlamentares para que fosse dissolvido o diretório do DF. O senador Demóstenes Torres (GO) e o deputado Ronaldo Caiado (GO), entre outros, cobraram providências ao presidente do partido, deputado Rodrigo Maia (RJ).Maia decidiu não mexer na política local e Demóstenes não esconde a revolta com a inércia política do comando do DEM. "É uma covardia e uma vergonha. Não aceito isso, eles estão matando o partido", disse. O clima da reunião em que Maia recusou o pedido de dissolução do diretório do DF foi recheado de palavrões e troca de acusações.Os desdobramentos virão após o carnaval, feriado que Maia pensou ser suficiente para abrandar os ânimos. É provável que o partido aprove a dissolução do diretório regional do DF, mas a decisão será interpretada como uma reação tardia, quando já não seria possível qualquer outra.EleiçõesA prisão de Arruda vai reverberar na composição de palanques regionais para as eleições presidenciais. Ao tomar conhecimento do pedido da prisão já em Salvador e ao embalo de uma banda carnavalesca, o líder tucano na Câmara, João Almeida (BA), destacou que a política brasileira tem caráter personalista e individualista."Isso não é bom, mas acaba diferenciado o partido de seus filiados", explica. "O episódio é devastador para o Arruda, mas não vai contaminar a sucessão presidencial, pela distância física (entre Brasília e São Paulo, onde está o candidato tucano e governador José Serra) e temporal até a eleição." Apesar desse otimismo, a formação do palanque do candidato tucano está cada vez mais difícil. Com o DEM e o PSDB sem candidatos, Serra corre o risco de virar um franco atirador no Distrito Federal e de ter de subir em um palanque que venha a incluir Joaquim Roriz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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