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Prioridade do Brasil é infra-estrutura, diz diretor do FMI

De Rato elogia economia e diz que país está preparado para enfrentar crise nos mercados.

Por Denize Bacoccina
Atualização:

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, disse que a prioridade maior do Brasil para manter o crescimento da economia nos próximos anos é aumentar o investimento em infra-estrutura, com maior participação do setor privado. O país deve ainda, segundo ele, reduzir o custo da intermediação bancária para atrair o investimento privado necessário e garantir a eficiência do sistema regulatório. "A necessidade de aumentar o investimento é a chave nos próximos anos, com maior eficiência do gasto público e aumento do investimento privado", afirmou De Rato em entrevista coletiva no Ministério da Fazenda, depois de ter se encontrado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. De Rato fez uma avaliação positiva da economia brasileira, depois de uma visita de dois dias que incluiu ainda um encontro na quarta-feira com o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e com representantes do setor financeiro. "A situação macroeconômica do Brasil é satisfatória", afirmou o diretor-gerente do FMI, que deixa o cargo no fim de outubro. De Rato destacou que o país soube aproveitar as condições externas favoráveis dos últimos anos para aumentar as exportações, reduzir a dívida pública e ampliar as reservas, aumentando a confiança na economia e protegendo o país de choques externos como o vivido atualmente no mercado imobiliário americano. "O Brasil aproveitou (o momento favorável na economia) melhor que outros países emergentes . As perspectivas são favoráveis. A aplicação sustentada das atuais políticas macroeconômicas garantem o círculo virtuoso", afirmou De Rato. O fato de a agência de classificação de risco Moody´s ter elevado nesta quinta-feira a nota do Brasil, deixando o país a um passo do grau de investimento mostra, na avaliação dele, que a credibilidade do Brasil é alta. O diretor-gerente reafirmou que a crise nos Estados Unidos deve ter repercussão no crescimento, mas disse que embora seja muito cedo para medir este impacto, é certo que ele será diferente nos vários países. "No Brasil acho que não será importante. Em outros países emergentes pode ser", disse ele. De Rato disse que, embora não se saiba a dimensão da crise e se ela será transporta dos mercados financeiros para a economia real, o mundo está mais preparado hoje para lidar com uma crise, já que a economia mundial vive um momento de crescimento econômico elevado, com crescimento em vários regiões e não apenas nos Estados Unidos, baixa inflação e baixo desemprego. "É preciso colocar a crise no contexto de uma economia mundial boa", afirmou. Ele também elogiou a atuação dos bancos centrais, que aumentaram a liquidez do sistema financeiro colocando recursos em circulação rapidamente, e disse que o FMI está preparado para liberar recursos para países atingidos pela crise. "Temos uma disponibilidade muito alta, e ainda podemos contar com os recursos dos bancos centrais", afirmou, recusando-se a falar em valores. De Rato não quis comentar sua sucessão, marcada para o final de outubro. O candidato indicado pela União Européia é o ex-ministro das Finanças francês Dominique Strauss-Kahn. Na quarta-feira, a Rússia apresentou a indicação do ex-primeiro-ministro checo Josef Tosovsky para o cargo. O governo brasileiro disse que quer conhecer as idéia de Tosovsky. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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