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Primo de Wilder recebeu dinheiro de Cachoeira

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Por FÁBIO FABRINI E ALANA RIZZO
Atualização:

Primo do senador Wilder Morais (DEM-GO), que sucedeu o senador cassado Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) no cargo, o advogado Denílson Martins Arruda recebeu em sua conta bancária R$ 30 mil da Alberto e Pantoja Construções - empresa de fachada que, de acordo com a Polícia Federal, era usada pelo contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para lavar dinheiro. O valor foi transferido em 7 de julho de 2010, início da campanha eleitoral, quando Demóstenes, na época filiado ao DEM, e seu suplente disputavam o voto dos goianos. Os dados constam de relatório da PF, ao qual a reportagem teve acesso. Registrada em nome de laranjas, a Alberto e Pantoja era abastecida com recursos da Delta Construções que serviriam para financiar o caixa 2 de disputas eleitorais. Ex-filiado ao PT e agora no PSD, Denílson é ex-chefe do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Goiás no governo Lula. Conforme escutas da PF, Cachoeira exercia influência no órgão e chegou a atuar em favor da Delta. Wilder é dono da Pedreira Caldas, registrada em Caldas Novas e que constava, até 2011, como arrendatária de uma área de extração de calcário em Goiás, controlada pelo departamento.O advogado foi exonerado em março de 2009. Um processo administrativo aberto pelo DNPM no mesmo ano concluiu que o ex-servidor cobrou propina para liberar licença de um garimpo no Estado. Por isso, no ano passado, foi punido com a destituição do cargo e proibido de voltar à administração pública por cinco anos. ClubeDenílson nega que o repasse da Alberto e Pantoja tenha abastecido campanhas. Segundo ele, trata-se de uma doação para o Nerópolis Esporte Clube, time da segunda divisão de Goiás, do qual é dirigente. O ex-chefe do DNPM alega, no entanto, que não conhece o contraventor e que toda a negociação foi feita pelo prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB), citado nas investigações das PF: "Como o time não tinha conta bancária, o dinheiro foi posto na minha. Quem conseguiu foi o prefeito."Numa conversa interceptada pela PF um dia depois da transferência, Cachoeira orienta seu contador, Geovani Pereira, sobre a operação: "Você lança de crédito 30. Você põe Nerópolis Esporte Clube. Lança de crédito para mim, tá bom?". O advogado sustenta ter documentos que comprovam a doação. LaboratórioEle diz que, a pedido do prefeito, foi emitida uma nota fiscal para o laboratório Vitapan, de Cachoeira, cujo nome estampou a camiseta da equipe. E diz ter estranhado, dias atrás, quando foi questionado sobre a Alberto e Pantoja: "Fiquei surpreso com essa empresa. Não sabia quem ia doar". O advogado informou ter recorrido da decisão que o proibiu de exercer cargos na administração pública e alegou que o processo de investigação foi baseado em declarações "frágeis e contraditórias". DribleO prefeito de Nerópolis, Gil Tavares (PTB), diz que o repasse da Alberto e Pantoja bancou o patrocínio da Delta ao time de futebol. Ele explica que pediu ajuda ao então diretor da empreiteira no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, que teria se comprometido a doar duas parcelas de R$ 30 mil. Mas não soube explicar por que a Delta, com centenas de contas bancárias no País, valeu-se de uma empresa do esquema Cachoeira. Tavares se diz amigo de Cachoeira há 20 anos, mas sustenta não ter negociado com ele."Pedimos o patrocínio à Delta. Na época, o Cláudio era o diretor. Não tinha conhecimento de quem fez o pagamento." O suposto patrocínio foi pago por Cachoeira. Dias antes do pagamento, Cachoeira diz, num telefonema para Geovani Pereira: "Lança de crédito para mim. Não precisa mandar o dinheiro, não, que eu já paguei."Eleito em 2008 e candidato à reeleição, Tavares é citado no inquérito da PF. Numa escuta, Cachoeira pede ao deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) que empreste um avião a Tavares. Em outra, pergunta a um aliado: "Quer pegar o lixo para você, a varrição de Nerópolis?" As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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