Primeiro passo para recuperar economia é garantir vetos, diz Levy

Em entrevista ao jornal 'Valor Econômico', ministro da Fazenda reafirma importância da garantia dos vetos de Dilma Rousseff a propostas que podem elevar gastos do governo

Por Karla Spotorno (Broadcast)
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O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, mantém-se convicto do que chama de "missão" a que se propôs no ano passado: a busca da estabilização econômica e de um novo ciclo de desenvolvimento no Brasil. Em entrevista ao jornal Valor Econômico nesta segunda-feira, 28, Levy enfatiza que o primeiro passo para recuperar o crescimento econômico é garantir os vetos da presidente Dilma Rousseff. Alguns já foram mantidos na semana passada. Os restantes devem ser apreciados na quarta-feira. Entre eles, o mais controverso é o que barra o projeto de lei que concede aumento aos funcionários do Judiciário de até 78,56%.

"Com o fiscal em ordem, é fácil recuperar a demanda - o mais difícil é garantir as condições para a oferta responder mais à frente", afirma Levy. O ministro diz que, no seu entendimento, o aumento da oferta não depende de crédito subsidiado. É algo que precisa evoluir naturalmente junto com a "segurança macroeconômica" e a realização de "mudanças estruturais que abram os mercados e aumentem a concorrência". "Por isso, tenho trabalhado com o Congresso em agendas estruturais, aquilo que o senador Renan (Calheiros, presidente do Senado) chamou de Agenda Brasil", afirma Levy, apesar de declarar-se "jejuno" em política.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Ao responder à pergunta sobre como aprovar reformas em um "Congresso hostil", Levy tratou de usar uma referência bíblica. "É muito bom pode ser leão ou águia, mas, às vezes, tem de ser como a burrinha de Balaão e até dizer coisas inesperadas", disse. O ministro advertiu que o "custo da inação é muito alto", haja vista a turbulência causada pelo rebaixamento da Standard & Poor's no início do mês. O downgrade era algo que "tinha gente que achava que (...) estava no preço e podíamos ser complacentes", disse Levy, que garantiu: "(...) Apesar da turbulência, as transformações da economia estão em curso".

"Há esse represamento agora, mas confirmado o compromisso fiscal do País, a recuperação será retomada", disse. A confiança do empresariado e a volta dos investimentos, defende Levy, voltará a partir do "diagnóstico e medidas claras mantidas com firmeza.

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