Depois de apenas dez dias de campanha, as prévias que definirão o candidato do PSDB ao governo paulista ocorrem neste domingo, 18, em meio a um cenário de polarização entre o prefeito João Doria e outros três pré-candidatos que acusam a direção do partido de favorecê-lo na disputa.
Nesta quinta-feira, 15, o suplente de senador José Aníbal, um dos concorrentes, entrou com uma liminar pedindo a anulação das prévias. Até a conclusão desta edição, a Justiça não havia anunciado uma decisão.
No cargo há 15 meses, Doria vai para a eleição interna sem o apoio declarado do governador Geraldo Alckmin, que foi decisivo em sua vitória nas prévias de 2016. Desta vez, seu principal aliado é o vice-prefeito Bruno Covas, que acumula o cargo de secretário-chefe da Casa Civil da Prefeitura paulistana. Covas ajudou Doria a atrair outros prefeitos, parlamentares e lideranças tucanas. O prefeito chega como favorito na disputa.
Apesar da pressão de aliados de Doria, Alckmin, pré-candidato ao Planalto, não interveio para apaziguar o partido e ainda encorajou os adversários do prefeito a não desistir das prévias. A preferência do governador era a articulação de um palanque único no Estado que teria como candidato seu vice, Márcio França (PSB). A ideia, porém, sofreu forte resistência interna no PSDB.
Aliados de Aníbal, do secretário de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, e do cientista político Luiz Felipe d’Ávila diziam neste sábado, 17, ter poucas esperanças de conseguir votos suficientes para levar as prévias para o segundo turno, que acontecerá no dia 25 caso nenhum pré-candidato consiga hoje mais de 50% dos votos.
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O PSDB tem um colégio eleitoral de 308 mil eleitores, mas espera a presença de 15 mil a 25 mil tucanos nas urnas. Segundo o secretário-geral do partido, César Gontijo, serão impressas 150 mil cédulas.
Os adversários de Doria reclamam que a distribuição das urnas foi feita em favor do prefeito: são 55 na capital e 71 no interior. Eles também dizem que o processo de prévias foi açodado e criticam o fato de Doria não ter aceitado debater.
Aníbal, d’Ávila e Pesaro responderam a um questionário feito pelo Estado com quatro perguntas. Apenas Aníbal evitou se comprometer em apoiar Doria, caso este vença.
Os três criticaram a organização da disputa. “Foi um processo açodado, tumultuado e politizado. O propósito de ser um mecanismo de debate de ideias com a militância e de união do partido foi esvaziado”, afirmou d’Ávila.
Pesaro classificou como “confuso e com pouca transparência” o processo interno do PSDB. Aníbal disse que a votação é “propícia a fraudes”.
Considerado aliado de Doria, Gontijo rebateu: “Aníbal tem mais intenção de prejudicar Doria do que fazer campanha”.
Tiroteio. O prefeito de São Paulo não participou do último debate entre pré- candidatos realizado neste sábado em uma universidade no centro da capital.
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Os três adversários de Doria defenderam a suspensão das prévias e colocaram o processo sob suspeição. “Não sou contra o Doria, mas o processo está errado. Vamos ter que enfrentar uma avalanche de fraudes”, disse Pesaro.
Mais uma vez, as críticas mais duras ao prefeito partiram de Aníbal. “O propósito de Doria é se servir da política. Ele é um fator de desagregação no PSDB”, afirmou.
Doria respondeu no mesmo tom. “O mesmo José Aníbal de hoje, em 2015 esperneou, criticou, entrou na Justiça e perdeu. José Aníbal é um perdedor contumaz”, disse o prefeito ao Estado. “Não tenho obrigação de ser gentil com quem é hostil. Perca com dignidade”, concluiu.
A apuração dos votos das prévias deve começar no fim da tarde deste domingo.