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''Prestava espécie de consultoria em negócios da Camargo Corrêa''

Entrevista - Kurt Paul Pickel: executivo; preso na Castelo de Areia, suíço naturalizado brasileiro nega ser intermediário de doleiros e se diz vítima de injustiça

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Foto do author Fausto Macedo
Por Fausto Macedo
Atualização:

Kurt Paul Pickel, emblemático personagem da Operação Castelo de Areia, afirma que não manda dinheiro para fora do País e que doleiros não fazem parte de seu rol de contatos. Sua atividade preponderante, ele diz, consiste na "prestação de uma espécie de consultoria em alguns negócios" da Camargo Corrêa, alvo maior da Polícia Federal em investigação sobre suposto esquema de remessas de valores para paraísos fiscais e lavagem de dinheiro. Suíço naturalizado brasileiro, 68 anos, ele foi capturado às 6 da manhã de 25 de março. A PF também deteve quatro executivos da empreiteira e três doleiros. Todos foram libertados 72 horas depois por ordem da desembargadora Cecília Mello, do Tribunal Regional Federal. A Kurt Pickel, o Ministério Público Federal atribui papel valioso na organização que acredita ter desmontado. "Coordenador do fluxo de elevados valores enviados fraudulentamente ao exterior por ordem dos diretores da Camargo Corrêa", sustenta a procuradora Karen Kahn. "Me sinto vítima de uma injustiça, fui preso sob a acusação de ter participado de fatos com os quais nunca me envolvi", declarou Pickel. Seu advogado, o criminalista Alberto Zacharias Toron, sustenta que Pickel não é doleiro e que sua inocência será provada à Justiça. Em entrevista por escrito, Pickel disse que prestava "aconselhamentos financeiros" aos diretores da Camargo Corrêa e que agora vai "tentar se recuperar do grande abalo que sofreu". Qual a sua verdadeira atividade? O que fazia na Suíça? Cheguei ao Brasil em 1986, após ser contratado em Zurique em 1985 para ser o chefe da Representação do Swiss Bank Corporation no Brasil. Permaneci naquela instituição até o final de 1997, quando me aposentei. Antes disso fui diretor em Zurique por quase 10 anos de uma empresa do grupo Rothschild. Após me aposentar esporadicamente realizava consultoria para brasileiros e suíços. Sempre tive uma vida absolutamente limpa, dedicada à família e ao trabalho. Como foram as 72 horas na prisão federal? Foram de muita dor e desespero. É muito difícil chegar no outono da vida e ter que ser submetido a este tipo de constrangimento, especialmente, em razão de uma ilegalidade. Minha casa foi invadida pelos policiais, todos os meus pertences revirados, remexidos e apreendidos. Tive minha privacidade violada durante mais de um ano, inclusive, com a instalação de escuta ambiental em minha própria casa. Minha vida privada e de minha família foi exposta em todos os jornais. Sou apontado levianamente como ?doleiro? e integrante de uma organização criminosa. É afirmação mentirosa, um inominável absurdo. Sou um homem de quase 70 anos. Tenho mulher, filhos, netos. Não sou criminoso, como me etiquetaram. O sr. é citado pela PF como peça-chave em suposto esquema de evasão de divisas e lavagem. O que diz? A afirmação da Polícia Federal e do MPF é absurda. Não tive contato e não conhecia a grande maioria das pessoas que estão sendo investigadas. A procuradoria sustenta que o sr. coordenava envios de valores mediante fraudes ao exterior por ordem dos diretores da Camargo Corrêa. Quais negócios o sr. mantém com a empresa? A afirmação de que eu seria ?coordenador do fluxo de elevados valores enviados fraudulentamente ao exterior por ordem dos diretores da Camargo Correa? igualmente é mentirosa. Não era coordenador de absolutamente nenhuma operação. Basta ouvir as gravações e perceber. A procuradoria acusa-o de ser intermediário de doleiros e que o sr. prestava serviço remunerado de remessas ilegais para contas da Camargo Corrêa na Alemanha, Suíça, Israel e China. Não era intermediário de doleiros. Eu prestava uma espécie de consultoria em alguns negócios, mas jamais mantive contato com qualquer doleiro citado na operação. Como conheceu os executivos da Camargo Corrêa? Qual o seu vínculo com a empresa? O meu contato com a Camargo Correia é muito antigo, de mais de 20 anos, quando conheci o falecido dr. Sebastião (Camargo, fundador da empreiteira). A minha relação com a empresa era para alguns aconselhamentos financeiros baseado na minha larga experiência de mercado. FRASES "O meu contato com a Camargo Correia é muito antigo, de mais de 20 anos, quando conheci o falecido dr. Sebastião (fundador da empreiteira). Minha relação com a empresa era para alguns aconselhamentos financeiros baseado na minha larga experiência de mercado" "Não tive contato e não conhecia a grande maioria das pessoas que estão sendo investigadas. Sou um homem de quase 70 anos. Tenho mulher, filhos, netos. Não sou criminoso, como me etiquetaram"

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