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Presos acusados de fraudar INSS por 20 anos no Rio

PF desmonta quadrilha que teria dado prejuízo de R$ 7 mi à Previdência; um dos detidos tem 72 anos

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Por Marcelo Auler
Atualização:

A Polícia Federal desarticulou ontem, com a Operação Fantoche, parte de uma quadrilha que havia 20 anos vinha fraudando aposentadorias do INSS, com prejuízos em torno de R$ 7 milhões aos cofres da Previdência. Dos nove mandados de prisão expedidos pela 8ª Vara Criminal Federal, dois deixaram de ser cumpridos. Foram realizadas 19 operações de busca e apreensão. Entre os presos está o chefe do bando, Jurandir dos Santos , de 72 anos. Segundo a PF, com as fraudes ele juntou um patrimônio de R$ 2 milhões, que inclui uma casa, uma pousada em Cabo Frio e pelo menos dois apartamentos em Copacabana. A quadrilha contava com a participação de pelo menos um servidor do INSS: Jorge Alberto Guimarães de Castro, lotado na agência de Cabo Frio. A polícia tem informação de cerca de 50 benefícios fraudados, mas até ontem só tinha identificado 33. Entre os presos está João José Rodrigues de Lorena, que já foi denunciado criminalmente em 2001também por conseguir aposentadorias fraudadas. A denúncia foi rejeitada pela pequena quantia - R$ 708,60 mensais - desviada do INSS, como consta no processo da 4ª Vara Federal do Rio. Embora só tenham sido expedidos nove mandados de prisão, a Polícia Federal sabe que o grupo é maior. Com as apreensões de ontem os agentes da Delegacia de Prevenção e Repressão a Crimes Previdenciários querem chegar aos responsáveis pelas falsificações de documentos de identidade, expedidos pelo Instituto Félix Pacheco, com os quais retiravam CPF de pessoas inexistentes. O procurador da República Rodrigo Ramos Poerson denunciou os nove réus pelos crimes de estelionato qualificado, inserção de dados falsos em sistemas informatizados e formação de quadrilha. Outros envolvidos terão sua situação analisada a partir dos documentos apreendidos ontem. Segundo agentes federais, com identidades falsificadas, a quadrilha conseguia criar um beneficiário da Previdência. Para apresentar um tempo de contribuição que permitisse a concessão da aposentadoria, muitas vezes eles transferiam dados de um contribuinte real para outro forjado - que os federais denominaram "fantoche" e acabou batizando a operação. Auditores da Previdência que investigam as fraudes contra o INSS admitiram que também pode ter havido falsificação de contribuições, isto é, com a ajuda do servidor do órgão teriam sido lançadas no sistema contribuições que nunca foram pagas. Além do benefício das aposentadorias falsificadas, os membros da quadrilha aproveitavam também para levantar empréstimos consignados nos bancos. Houve um momento em que o INSS descobriu incoerências nos dados de alguns dos 33 benefícios fraudados já identificados. O pagamento dessas aposentadorias foi suspenso, mas, com a ajuda do servidor Jorge Alberto, os fraudadores identificavam esses dados e tratavam de consertá-los. Isso permitia que os pagamentos fossem reativados. Na operação de ontem, além de Jurandir, Jorge Alberto e João José, foram presos José Gomes da Silva, Cosme Nunes, Ivan Costa de Souza e Miriam Bezerra de Mello. O Estado não conseguiu saber quem são os advogados dos acusados porque o processo ainda está em segredo de Justiça.

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