Preso participante da morte de Tim Lopes

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Por Agencia Estado
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A polícia prendeu nesta quinta-feira o primeiro traficante que confessou ter participado da morte do jornalista Tim Lopes, da Rede Globo, desaparecido na noite do dia 2, quando filmava um baile funk na Vila Cruzeiro, na Penha, zona norte do Rio. Ângelo Ferreira da Silva, de 19 anos, contou com detalhes ao delegado Sérgio Falante, titular da 22ª DP (Penha), como foi a execução do repórter. Ele reproduziu até um diálogo mantido entre o traficante Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e o jornalista, morto num local conhecido como Pedra do Sapo, no alto da Favela da Grota, no Complexo do Alemão, em Olaria, zona norte. Silva, preso nesta quinta na Grota, revelou dois novos nomes de bandidos que participaram do assassinato: Alek e Alessandro. Por ordem de Elias Maluco, Silva e Alek foram buscar Lopes na Vila Cruzeiro, em um Pálio branco. O jornalista fora capturado por André Capeta. Ao chegarem à favela da Penha, encontraram o comparsa Alessandro em uma viela, tomando conta do repórter, amarrado e amordaçado com fita crepe. Nesse momento, Alessandro teria dado um tiro no joelho de Lopes. A bordo do Pálio, os três levaram o jornalista para a Grota. Capeta foi sozinho, na frente, em um Fiat Uno azul. Na Pedra do Sapo, eles encontraram Elias Maluco, acompanhado de quatro seguranças. Lá, tiraram o repórter da mala do carro e o desamarraram. ?Você estava filmando o meu baile funk? Você sabe que pode morrer??, perguntou Maluco a Lopes. ?Eu estou fazendo o meu trabalho?, respondeu o jornalista. ?Eu acho que foi você que filmou a feira de drogas?, afirmou o traficante, referindo-se à reportagem produzida por Lopes na Grota e exibida pela Rede Globo no ano passado, pela qual o repórter recebeu o Prêmio Esso de Telejornalismo. Após esse diálogo, de acordo com o relato de Silva ao delegado, Alessandro bateu com um pedaço de pau na nuca do jornalista, que caiu no chão, desacordado. Então, teve início a parte mais macabra da história. Elias Maluco deu a ordem para que André Capeta pegasse uma espada. Com a arma, Capeta cortou as duas pernas de Lopes, que mesmo inconsciente se debateu. Sempre sob o comando de Maluco, um tonel com capacidade para 200 litros, com gasolina, foi levado ao local. Com a ajuda de Silva, Lopes foi colocado, de cabeça para baixo, no recipiente. Em seguida, foi a vez das pernas do jornalista. Depois de envolverem o tonel com dois pneus de caminhão, os criminosos atearam fogo ao corpo. ?Ângelo disse que se retirou nesse momento e não viu o que aconteceu?, contou Falante. O delegado porém acredita que o traficante esteja mentindo. Segundo o policial, Silva está ?apavorado? e não quer voltar ao morro. Na manhã desta quinta, recomeçaram as buscas pelo corpo de Tim Lopes. No alto da Favela da Grota, no Complexo do Alemão, zona norte, onde a polícia descobriu um cemitério clandestino utilizado pelos traficantes, foram encontrados mais fragmentos de ossos enterrados recentemente numa nova cova descoberta pelas equipes. Lá havia também cápsulas de pistola calibre 45. Policiais acharam também uma fivela, que pode ser de um cinto, e um anel. O material será submetido a reconhecimento por parentes do repórter. Até agora, nenhum resto humano encontrado examinado foi confirmado como sendo do jornalista. Os exames de DNA ainda poderão levar um mês, mas o delegado Zaqueu Teixeira acredita que os fragmentos recolhidos na terça-feira sejam mesmo do corpo de Lopes. Segundo Teixeira, o exame irá confirmar sua tese. Além de Silva, a polícia prendeu nesta quinta duas pessoas acusadas de participar da quadrilha do traficante Elias Maluco. Carlos Alberto da Conceição, o Queiroz, foi preso no Complexo do Alemão. Ele estava na Favela Nova Brasília e carregava um pacote com meio quilo de cocaína. Em Niterói, Grande Rio, a polícia encontrou Marcílio Moraes de Oliveira, o Macotchelli, apontado como homem de confiança do traficante. Ele foi preso graças a uma denúncia anônima e, segundo a polícia, controlava o tráfico de drogas em dois morros da cidade: Grota do Surucucu e União. Macotchelli foi preso na companhia de Elias Maluco em 1997

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