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Preso líder do MST suspeito de treinar guerrilha

Por Agencia Estado
Atualização:

A polícia e o Ministério Público de Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, interior paulista, apuram a participação de um integrante do MST, Carlos Rogério dos Reis, de 22 anos, no treinamento de guerrilhas. Condenado a dois anos de prisão por roubo e foragido da justiça, Reis foi preso na tarde de sábado, no terminal rodoviário da cidade, quando se preparava para viajar para São Paulo. Reis disse que pretendia seguir em viagem para o Rio Grande do Sul. Na delegacia, foi encontrado com ele material manuscrito sobre táticas e estratégias de guerra, além de livros e publicações sobre guerrilhas. Ainda no final de semana, policiais de Euclides da Cunha Paulista, cidade vizinha de Teodoro Sampaio, apreenderam cerca de dez fitas de vídeo com gravações ações lideradas pelo MST na casa da militante Rosalina Rodrigues de Oliveira Acorsi, que está presa na cadeia de Piquerobi. Rosalina teve a prisão preventiva decretada juntamente com outros 12 integrantes do movimento por terem impedido o assentamento de famílias ligadas ao Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast). Um dos vídeos traz imagens da ação do MST contra as famílias do Mast. O promotor de Teodoro Sampaio, Marcelo Creste, acredita que o material das duas apreensões fornecem elementos de que o MST está envolvido em ações ilegais. "Não são ações próprias de um movimento social." Em carta endereçada ao "educando" Osmar Pereira da Silva, Reis afirma que está ajudando na coordenação da brigada de formação do Pontal do Paranapanema. "Eu estou aperfeiçoando mais os meus conhecimentos porque nós estamos revendo os métodos anteriores com brigadianos novos", escreveu. Em outro trecho, ele chama o destinatário da carta de guerrilheiro. "Vai em frente, companheiro, você é o guerrilheiro que a história nos deu." Na mesma carta, Reis faz referência ao choque causado no movimento pela prisão do líder José Rainha Júnior - Rainha ficou preso de 25 de abril a 18 de maio porque portava uma escopeta calibre 12 - e afirma que "a luta continua". Ele assina como "Paulo R." Em outro manuscrito, dita regras de ataque: "Quando o inimigo estiver unido, divide-o. Ataca onde o inimigo não estiver preparado (despreparado), irrompe quando ele não te espera." Sob o título "Estratégia e Tática", Reis relaciona "11 princípios de guerra", entre eles "tomar a iniciativa das ações, não diminuir os esforços ao sentir o inimigo derrotado, escolher o objetivo e manter-se fiel a ele, procurar causar dano moral para abater o inimigo, não engajar mais força do que a requerida para a execução das missões secundárias e golpear o inimigo em lugar, em tempo e de maneira a surpreendê-lo despreparado." Revelando o "segredo da arte da guerra", Reis ensina ainda: "Desferir golpes no inimigo quando ele menos esperar, o mais depressa possível, com a maior força possível, onde ele mais sentir". A carta e os manuscritos serão submetidos a exames grafológicos. O delegado de Teodoro Sampaio, Donato Farias, está investigando o que Reis fazia no Pontal. A maior suspeita é de que estivesse treinando grupos em ações de guerrilha. As fitas apreendidas com Rosalina ainda estão sendo analisadas pela polícia. Segundo o delegado de Euclides da Cunha, Edmar Trindade Nagai, as imagens encontradas em uma das fitas comprovam as acusações feitas contra cinco líderes e oito militantes de formação de quadrilha, constrangimento ilegal, furto e danos. "Eles filmaram a chegada do ônibus com cerca de 70 militantes, a derrubada das cercas, a queima das pastagens, a pressão sobre as famílias, tudo." Segundo Nagai, as imagens comprovam os depoimentos já colhidos pela polícia e que embasaram o pedido de prisão. Outras ações do MST, como a marcha em direção a Presidente Prudente e invasões de fazendas também foram filmadas. "O material é farto e será analisado." Além de Rainha, estão com prisão decretada os líderes Sérgio Pantaleão, Márcio Barreto, Valmir Rodrigues Chaves e Zelitro Luz da Silva e outros oito integrantes, dos quais seis estão presos. A coordenação regional do MST negou que o movimento faça treinamento de guerrilha. O material apreendido com o militante, segundo a coordenação, foi copiado de livros por interesse pessoal de Reis, não tendo sido utilizado pelo MST, nem servido para treinamento. A prisão do militante foi atribuída à perseguição sistemática da polícia do Pontal ao MST.

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