Preso ex-deputado que operaria máfia das ambulâncias

Lino Rossi é acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e formação de quadrilha

Por Vannildo Mendes
Atualização:

Réu em processo por corrupção passiva, lavagem de dinheiro, fraude em licitação e formação de quadrilha, o ex-deputado Lino Rossi (PP-MT) foi preso ontem pela Polícia Federal no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, quando tentava embarcar num vôo da TAM para Guarulhos (SP). Rossi é apontado como operador da quadrilha dos sanguessugas. Ele seria encarregado de cooptar parlamentares para a máfia que desviava recursos do Orçamento da União na compra de ambulâncias superfaturadas para prefeituras. Seu nome foi citado 108 vezes por corrupção na denúncia que o Ministério Público fez à Justiça, e ele pode pegar até 12 anos de prisão, caso seja condenado. A prisão do ex-deputado foi determinada pelo juiz da 2ª Vara Federal de Cuiabá (MT), Jefferson Schneider, onde corre o processo, por obstrução do Judiciário, uma vez que Rossi, para retardar o julgamento, se recusava sistematicamente a receber a intimação para depor. O juiz intimou também a ex-deputada Celcita Pinheiro (DEM-MT), cuja campanha eleitoral teria sido financiada por cheques - sem fundo - de Luiz Antônio Vedoin, além de um outro membro da família Vedoin, também considerado pivô do esquema dos sanguessugas. Eles correm o mesmo risco de prisão, caso insistam em não se apresentar para depor. Ao todo, cerca de 80 pessoas foram denunciadas no processo pelo Ministério Público, entre as quais, 40 parlamentares e ex -integrantes do Congresso. Conforme a denúncia do Ministério Público, a quadrilha teria desviado R$ 110 milhões da União, a partir de 2001, com fraudes na compra de ambulâncias e equipamentos hospitalares para vários Estados, por intermédio da empresa Planam, de Mato Grosso, pertencente aos Vedoin. Deflagrada em maio de 2006, a Operação Sanguessuga mandou 46 pessoas para a prisão, nos Estados do Acre, Mato Grosso, Paraná, Distrito Federal, Amapá e Goiás. Os dados relativos ao envolvimento de parlamentares com a quadrilha foram encaminhados ao Supremo Tribunal Federal (STF) porque eles têm direito a foro especial. O esquema tinha ramificações em prefeituras, empresas de fachada, no Ministério da Saúde e no Congresso, onde parlamentares aprovavam emendas para favorecer a Planam na venda de ambulâncias a municípios. Às vésperas do fim da legislatura passada, na sessão de 21 de dezembro de 2006, o Conselho de Ética da Câmara recomendou a cassação dos mandatos dos deputados Cabo Júlio (PMDB-MG), Nilton Capixaba (PTB-RO), José Divino (sem partido-RJ) e Lino Rossi. Como o parlamentar mato-grossense desistiu de concorrer nas eleições de outubro e não seria mais deputado em 2007, a recomendação não foi examinada pelo plenário.

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