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Presidente tenta se salvar jogando seu ministro ao mar

Por Marcelo Moraes
Atualização:

Se alguém tinha alguma dúvida sobre como o governo da presidente Dilma Rousseff está pendurado apenas por um fio, isso acabou depois que a delação premiada do senador Delcídio Amaral foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Além de confirmar todas as acusações feitas pelo senador contra Dilma e contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como havia sido revelado pela revista IstoÉ, o documento traz outra novidade, adiantada pela site da revista Veja. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, tentou convencer Delcídio a não fazer a delação, em troca de ajudá-lo a se livrar da prisão, da cassação e, supostamente, podendo até lhe ajudar financeiramente.

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Chama muito a atenção a reação da presidente Dilma à revelação da conversa de seu ministro mais próximo. Numa nota de curtas cinco linhas, a presidente praticamente arremessa Mercadante ao mar, afirmando, através da Secretaria de Imprensa da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, que “repudia com veemência e indignação a tentativa de envolvimento do seu nome na iniciativa pessoal do ministro Aloizio Mercadante (...)”. Reparem bem: Dilma fala em iniciativa pessoal. O que significa que sua mensagem é clara: não tenho nada a ver com isso que ele fez.

Na prática, não é bem assim. Mercadante não é um ministro qualquer. Sempre foi o político mais próximo de Dilma dentro do governo. E na própria conversa com o emissário de Delcídio, Mercadante deixa isso claro mais uma vez, contando que quando Dilma descer a rampa do Planalto, se não houver mais ninguém, ele estará ao seu lado. Como o teor da conversa de Mercadante é devastador, Dilma precisa se afastar de seu aliado fiel. Por isso, não pode defendê-lo. Para preservar a cabeça em cima do pescoço, precisa falar em “iniciativa pessoal”.

O dado é que, independentemente desse movimento da presidente, seu governo, neste momento, está claramente desmoronando, naufragando na economia e na política. O fato é que o governo planejava anunciar ontem, com toda pompa do mundo, a entrada de Lula na equipe ministerial, sob o pretexto de garantir foro privilegiado. A ideia, na realidade, é quase lhe dar a chave do governo, relegando Dilma a um posto de rainha da Inglaterra. Esses planos governistas para buscar a volta por cima foram atrapalhados pelas revelações do senador. Somando isso às imagens de milhões de pessoas na ruas no domingo, parece que se tornou inútil qualquer tentativa de defesa para o que já está mais do que destroçado.

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