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‘Presidente mente para justificar o injustificável’, diz governador do RS

Em entrevista ao Broadcast Político, Eduardo Leite diz que presidente é uma 'liderança na direção contrária ao que o mundo pratica'

Por Pedro Caramuru
Atualização:

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) fez duras críticas ao presidente Jair Bolsonaro e à forma como o governo federal tem conduzido o combate à pandemia no País. Durante entrevista ao Broadcast Político, afirmou que se sente frustrado com a postura do presidente sobre a covid-19, que classificou como “mais do que omissão”: “É liderança na direção contrária ao que o mundo pratica”. 

Segundo o governador, o presidente “mente” sobre os recursos que foram repassados às unidades federativas “para justificar o injustificável” e “desperdiça energia” em discussões com os governadores.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), durante entrevista com o Broadcast Político Foto: Reprodução

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“O presidente da República, quando deveria estar oferecendo ajuda aos Estados e, principalmente, vacinas, coloca mais energia em atacar os outros governantes. Será que é assim? Todos os governadores e prefeitos estão errados e o presidente da República é quem está certo?”, argumentou o governador.

Para Leite, sob o governo Bolsonaro, o País tem tido dificuldades para a articulação internacional, que compromete o acesso a vacinas e é fruto, entre outros motivos, das agressões à China e aliança entre o presidente brasileiro e o governo do ex-presidente americano Donald Trump. A aproximação com Trump e as medidas negacionistas fizeram o País ser visto como um problema internacional e compromete a vacinação, avalia.

"(Bolsonaro) desprezou a gravidade da doença e quando o Brasil finalmente se engaja para comprar vacinas, pega um tíquete lá no fim da fila e vê outros países, como o Chile, avançando", afirmou.

Segundo Leite, o presidente terá o "apoio e solidariedade" de Leite caso tenha a disposição de rever seus atos e chamar os governadores para trabalharem em uma mesma direção. "Não se trata de questão ideológica ou eleitoral, se trata de salvar vidas", completou.

Sobre a possibilidade de disputar as eleições presidenciais no próximo ano, Leite - que é cotado pelo partido como uma opção tucana na disputa ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB) - evitou dizer se disputará as prévias da sigla para a indicação e disse ser "desconfortável" discutir o assunto diante da situação da pandemia no País. Leite, entretanto, afirmou que foi convidado por membros do partido como "opção aos extremos" e disse ter interesse em construir uma posição de centro, com "sensatez e sobriedade".

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O governador evitou dizer se apoia o impeachment do atual presidente. Segundo o governador, a discussão deve ser feita no Congresso Nacional uma vez que tem uma relação institucional que deve ser mantida. "É uma tristeza que após trauma recente, tenha que se aventar a possibilidade de impeachment".

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